Leitura da Palavra de Deus
Aleluia aleluia, aleluia
Eis o Evangelho dos pobres,
a libertação dos prisioneiros,
a vista dos cegos,
a libertação dos oprimidos
Aleluia aleluia, aleluia
II Crônicas 2,1-17
Destinou, para isso, setenta mil carregadores, oitenta mil cortadores de pedra, na montanha, e três mil e seiscentos capatazes. Mandou, também, dizer a Hiram, rei de Tiro: «Faz comigo o mesmo que fizeste com meu pai David, a quem enviaste cedros para ele construir um palácio para sua habitação. Eis que quero edificar um templo ao nome do Senhor, meu Deus, e consagrar-lho, para queimar incenso e aromas diante dele, apresentar-lhe continuamente os pães da oferenda e oferecer-lhe holocaustos de manhã e à tarde, aos sábados, nas luas novas e nas festas do Senhor, nosso Deus; isto será uma lei para sempre em Israel. O templo que vou construir deve ser grande, pois o nosso Deus é maior que todos os deuses. Mas quem será capaz de lhe construir uma casa digna dele, se o céu e os céus dos céus não o podem conter? E quem sou eu para lhe construir uma casa, se não posso fazer outra coisa senão queimar incenso diante dele? Envia-me, pois, um homem experiente no trabalho do ouro, da prata, do bronze, do ferro, da púrpura, do carmim e do violeta; um homem que entenda suficientemente de escultura para dirigir os artífices de Judá e de Jerusalém que estão junto de mim e que meu pai David reuniu. Manda-me, também, do Líbano madeira de cedro, cipreste e sândalo, pois sei que os teus servos são peritos no corte da madeira do Líbano. Os meus servos trabalharão com os teus, a fim de me preparar madeira em grande quantidade, pois o templo que vou construir será grande e magnífico. E eis que darei aos teus servos que vão cortar as madeiras, vinte mil coros de trigo, vinte mil coros de cevada, vinte mil batos de vinho e vinte mil batos de azeite.» Hiram, rei de Tiro, respondeu a Salomão por escrito: «É porque ama o seu povo que o Senhor te constituiu rei sobre ele.» Hiram disse ainda: «Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, que fez os céus e a terra, pois deu ao rei David um filho sábio, inteligente e prudente, que vai construir um templo ao Senhor e um palácio para a sua realeza. Envio-te, portanto, um homem hábil e entendido, Huram-Abi, filho de uma mulher da tribo de Dan e de um pai de Tiro. Sabe trabalhar o ouro, a prata, o bronze, o ferro, a pedra, a madeira, a púrpura escarlate e violeta, o linho fino e o carmim; sabe fazer toda a espécie de esculturas e elaborar qualquer plano que se lhe confie. Trabalhará com os teus artífices e com os do meu senhor David, teu pai. O trigo, a cevada, o azeite e o vinho de que falou o meu senhor, mande-os aos seus servos. Nós cortaremos a madeira do Líbano, tanta quanta precisares, e enviar-ta-emos por mar, em jangadas até Jafa; tu a levarás para Jerusalém.» Salomão fez o recenseamento de todos os estrangeiros que habitavam no território de Israel, depois da contagem feita antes por seu pai David; e contaram-se cento e cinquenta e três mil e seiscentos. De entre eles, designou setenta mil carregadores, oitenta mil cortadores de pedra na montanha e três mil e seiscentos capatazes para vigiarem os trabalhadores.
Aleluia aleluia, aleluia
O Filho do Homem veio para servir
quem quiser ser grande, faça-se servo de todos
Aleluia aleluia, aleluia
O autor acena aos últimos preparativos para a construção do Templo. Salomão, depois de ter recrutado um grande número de pessoas, dirige-se ao rei de Tiro, Hiram para lhe manifestar a sua decisão: "Eu resolvi construir um Templo para o Nome do Senhor meu Deus, para Lho consagrar, a fim de queimar em sua honra o perfume do incenso, fazer as oferendas permanentes dos pães oferecidos a Deus, oferecer os holocaustos de manhã e de tarde, nos sábados, luas novas e festas do Senhor nosso Deus" (v. 3). Salomão dirige-se ao rei de Tiro para lhe pedir uma ajuda para a construção. Contrariamente ao trecho paralelo do primeiro livro dos Reis (5, 15), é Salomão quem toma a iniciativa escrevendo uma carta ao rei fenício. O Cronista pretende salientar assim que a preocupação do rei está toda concentrada na construção do Templo. Deus está deveras no primeiro lugar dos seus pensamentos. Salomão deseja que o povo de Israel viva no louvor ao Seu Deus: "Para Israel esta é uma obrigação perene" anota o Cronista. A centralidade da oração atravessa inteiramente as Sagradas Escrituras e envolve hebreus e cristãos. E é uma oração que nasce da revelação da grandeza de Deus e da constatação da nossa insignificância. No entanto, Salomão, com uma serena tensão missionária, escreve ao rei fenício: "O Templo que pretendo construir deverá ser grande, porque o nosso Deus é o maior de todos os deuses". Não receia proclamar com serena tranquilidade e sem arrogância que o Deus de Israel é o maior de todos. Poderia parecer um desafio ao rei fenício que adorava uma outra divindade. Mas Salomão não omite a verdade da sua fé, apesar de não a impor. Propõe-na, pelo contrário, com serena convicção, de maneira clara e não arrogante. Certo, realça a grandeza: "Quem se atreveria a construir um templo para Ele, quando o céu e o mais alto do céu são pequenos para contê-l’O?". E, ao mesmo tempo, manifesta a Hiram, a consciência da sua pobreza, dos seus limites perante a majestade do seu Senhor: "E quem sou eu para Lhe construir um templo, ainda que seja só para queimar incenso na sua presença?". São palavras cheias de humildade e de determinação pela obra que deve empreender. São palavras que tocam o coração do rei fenício. O pedido de ajuda, de colaboração, é um meio que pode tocar o coração daquele a quem nos dirigimos. A humildade tornou-o audaz e também ambicioso não para si, mas para o seu Deus. Salomão sabe muito bem que a obra que é chamado a realizar não é para ele e para a sua honra, mas para o Senhor para que seja louvado pelo povo de Israel. Esta mensagem convenceu o rei fenício. Que lhe faz notar na carta de resposta: "O Senhor ama o seu povo e, por isso, colocou-te como rei sobre eles". E Hiram chega a confessar Deus com o mesmo termo dos hebreus: "seja bendito o Senhor, o Deus de Israel". Concede, pois, a Salomão as ajudas pedidas: operários especializados no trabalho dos metais e da madeira juntamente com uma grande quantidade de madeira preciosa dos montes do Líbano que deverá ser transportada do porto de Jope para Jerusalém.
