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Domingo da Sagrada Família
Palavra de deus todos os dias

Domingo da Sagrada Família

Domingo da Sagrada Família
Recordação de Laurindo e de Madora, jovens moçambicanos da Comunidade de Santo Egídio, que morreram por causa da guerra; com eles recordamos todos os jovens que morreram por causa dos conflitos e das violências dos homens.
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Libretto DEL GIORNO
Domingo da Sagrada Família
Domingo, 30 de Dezembro

Homilia

Passaram-se poucos dias do Natal e a liturgia leva-nos a Nazaré para nos encontrarmos com aquela família singular. Com esta festa litúrgica, a Igreja quer realçar que também Jesus precisou de uma família, de estar circundado pelo afecto de um pai e de uma mãe. Apesar dos Evangelhos darem pouco espaço à vida familiar de Jesus e relatarem apenas alguns episódios da Sua infância, a família marcou a vida de Jesus durante trinta anos. Está cheia de sentido a frase final do trecho evangélico deste domingo: “Desceu então com seus pais para Nazaré e obedecia-lhes. E sua mãe conservava no coração todas estas coisas. E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 51-52).
São poucas as palavras, mas valem os trinta anos da “vida oculta” em Nazaré. A nós, doentes de eficiência, surge imediata a pergunta: por que é que Jesus viveu tanto tempo tão escondido? Não teria podido empregar melhor aqueles anos ou, pelo menos, uma parte deles, de modo mais frutuoso, anunciando o Evangelho, curando os doentes, ajudando o mais possível todos aqueles que tivessem necessidade? Tendo em consideração que não sabemos o que Ele fez, no entanto - se prestássemos maior atenção ao Evangelho - talvez ouvíssemos responder: “Não pensas as coisas de Deus, mas só as coisas dos homens” (Mc 8, 33). Na verdade, aqueles trinta anos permitem entender ainda melhor as palavras de Paulo: “Tornou-Se semelhante aos homens”. Com efeito, Jesus viveu no seio da família, tal como nós, como que a querer dizer que a salvação não é alheia à vida comum dos homens. Talvez seja por isso que a Igreja considerou “apócrifos” todos os contos criados pela inocente curiosidade dos primeiros cristãos que queriam tornar extraordinária e miraculosa a infância e a adolescência de Jesus. Sabemos, pelo Evangelho, que a vida em Nazaré estava marcada pela normalidade: não há milagres ou curas, não são narradas pregações, não se vêem multidões que acorrem; tudo sucede “normalmente”, consoante os hábitos de uma devota família israelita. Pois bem, a festa de hoje sugere-nos que também aqueles anos foram santos. A família de Jesus, era uma família normal formada por pessoas que viviam do trabalho das próprias mãos; portanto, não eram nem pobres nem ricos, talvez um pouco precários. No entanto, eram sem dúvida, exemplares: amavam-se de verdade, se bem que, provavelmente, não faltassem incompreensões, repreensões e também correcções, como se deduz, por exemplo, do episódio da perda de Jesus no templo. Naquele dia, Maria e José não entenderam o que Jesus estava a fazer e chegaram até a repreendê-l’O.
Certamente José e Maria respeitavam as tradições religiosas de Israel e sentiam-se na obrigação de educar Jesus. O Deuteronómio prescrevia: “Que estas palavras, que hoje eu te ordeno, estejam no teu coração: ensiná-las-ás aos teus filhos e delas falarás sentado em tua casa e indo de viagem, ao deitar-te e ao levantar-te.” (Dt 6, 6). Seria interessante voltar a percorrer as tradições religiosas de uma devota família hebraica desse tempo para poder compreender ainda mais a vida de Jesus e da família de Nazaré. Também nós ficaríamos comovidos ao conhecer as orações que os três rezavam de manhã e à tarde, seria edificante se soubéssemos como Jesus adolescente enfrentava os primeiros encontros religiosos e civis e como, enquanto jovem trabalhador, trabalhava com José, ficaríamos fascinados com o Seu empenho em escutar as Escrituras, na oração dos salmos e em tantos outros costumes. E quantas mães poderiam aprender das atenções que Maria dispensou àquele Filho! Quantos pais poderiam também aprender do exemplo de José, homem justo, que dedicou a sua vida a sustentar e a defender não a si mesmo, mas o Menino e a Mãe!
No entanto, há uma profundidade de sentimentos naquela Família, que ficou escondida aos olhos dos seus contemporâneos, mas que nos é revelada pelo Evangelho e que é a “centralidade” de Jesus naquele núcleo familiar. Este é o “tesouro” da “vida oculta”: Maria e José receberam aquele Filho, cuidaram d’Ele e viram-n’O crescer no meio deles, ou melhor, dentro do coração deles e, ao mesmo tempo, aumentava neles o carinho e a compreensão. Eis por que a família de Nazaré é santa: porque para ela, Jesus era o centro de tudo. Aquela angústia que sentiram quando não conseguiram encontrar Jesus com doze anos, deveria ser a nossa angústia quando estamos longe d’Ele. Às vezes, conseguimos estar mais de três dias sem nos lembrarmos do Senhor, sem ler o Evangelho, sem sentir a necessidade da Sua amizade. Maria e José não esperaram e encontraram-n’O, não entre os parentes ou os conhecidos - é difícil encontrá-l’O aí - mas no templo, entre os doutores.
Também nós encontramos Jesus nesta celebração. Ele também nos fala, a nós mais crescidos e sagazes, cheios da nossa sabedoria e endurecidos nas nossas certezas. E dá-nos a lição mais importante, a de que somos todos filhos de Deus. Ele diz-nos isso desde pequeno, desde as primeiras páginas do Evangelho e volta a repeti-lo no fim, do alto da Cruz quando Se entrega completamente ao Pai como verdadeiro Filho. O evangelista anota, por fim, que Jesus em Nazaré “crescia em sabedoria, em estatura e graça, diante de Deus e dos homens”. Também nós devemos crescer no conhecimento e no amor de Jesus. Nazaré, aldeia periférica da Galileia e lugar da vida comum da Santa Família representa, portanto, toda a vida do discípulo que, precisamente, acolhe, guarda e faz crescer o Senhor no próprio coração e na própria vida. Não é só por acaso que “Nazaré” significa “Aquela que conserva”. Nazaré é Maria, que “conservava no coração todas estas coisas”. Nazaré é a pátria e a vocação de todos os discípulos. Apesar do mundo continuar a dizer: “De Nazaré pode sair coisa boa?”

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