Leitura da Palavra de Deus
Aleluia aleluia, aleluia
Eis o Evangelho dos pobres,
a libertação dos prisioneiros,
a vista dos cegos,
a libertação dos oprimidos
Aleluia aleluia, aleluia
Jeremias 22,13-30
Ai daquele que edifica a sua casa com a injustiça
e os seus aposentos com a iniquidade.
Ai daquele que obriga o seu próximo a trabalhar sem paga,
e lhe recusa o salário!
E também o que diz:
«Vou mandar construir um grande palácio,
salões espaçosos.
Abrirei largas janelas
e tectos de cedro
pintados de vermelho!»
Porventura pensas que és rei
por dispores de mais cedro?
Acaso o teu pai não comia e bebia,
praticando justiça e equidade,
e tudo lhe corria bem?
Julgava a causa do pobre e do humilde,
e tudo lhe era favorável!
Não é isto conhecer-me?
- oráculo do Senhor.
Porém, os teus olhos e o teu coração
apenas procuram satisfazer a tua cobiça,
derramar sangue inocente
e exercer a opressão e a violência.
Por isso, assim fala o Senhor,
a respeito de Joaquim,
filho de Josias, rei de Judá:
«Não o lamentarão, dizendo:
'Ai, meu irmão! Ai, minha irmã!'
Não o chorarão, dizendo:
'Ai senhor! Ai majestade!'
A sua sepultura será como a do asno;
será arrastado e lançado
para fora das portas de Jerusalém.»
«Sobe ao Líbano e grita,
clama em voz alta em Basan,
grita do monte de Abarim,
porque todos os teus amantes foram esmagados.
Falei-te no tempo da tua prosperidade,
mas disseste: 'Não ouvirei!'
Tem sido este o teu proceder desde a juventude;
não escutaste a minha voz.
Os teus pastores serão arrastados pelos ventos,
e os teus amantes serão levados para o cativeiro.
Então, sentirás vergonha e confusão
por toda a tua maldade.
Tu que tens o teu assento no Líbano
e fazes o teu ninho nos seus cedros,
como gemerás quando te vierem dores
e convulsões semelhantes às da parturiente!» «Juro pela minha vida: Ainda que Jeconias, filho de Joaquim, rei de Judá, fosse um anel na minha mão direita, Eu te arrancaria! - oráculo do Senhor. Entregar-te-ei nas mãos dos que procuram tirar-te a vida, nas mãos daqueles que temes, nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilónia, e nas mãos dos caldeus. Enviar-te-ei, assim como à mãe que te deu à luz, para uma terra estranha, onde não nascestes, e lá morrereis. E à terra onde aspiram voltar, não tornarão. Acaso será Jeconias, um vaso desprezível, para quebrar, ou um vaso que ninguém aprecia? Porque foram rejeitados, ele e a sua linhagem, e arrojados para uma terra que não conheciam?» Minha terra, ó minha terra!
ouve a palavra do Senhor.
Eis o que diz o Senhor:
«Inscrevei este homem como varão sem filhos,
que não há-de ter prosperidade nos dias da sua vida!»
Porque ninguém da sua linhagem
conseguirá sentar-se no trono de David
e reinar de novo em Judá.
Aleluia aleluia, aleluia
O Filho do Homem veio para servir
quem quiser ser grande, faça-se servo de todos
Aleluia aleluia, aleluia
Jeremias dirige-se sobretudo, aos ricos e aos governantes da época, a começar pelos reis Joaquim e o filho, Joaquim (pronuncia-se na sua forma abreviada Conias no versículo. 24). Todos têm em comum uma constatação que caracteriza a atitude de quem tem responsabilidades de governo: “Falei contigo quando estavas tranquila, mas respondeste-me: “Não te quero ouvir”. É este o teu caminho desde a mocidade: nunca Me obedeceste” (v. 21). Mais uma vez, a escolha de não escutar a Palavra de Deus é apresentada como a causa do mal que está prestes a cair sobre Jerusalém, sobre Judá e sobre o rei. Poder e riqueza são, portanto, a razão de vida de muitos. O profeta, como noutras partes, não poupa tons duros contra aqueles que, aproveitando-se de próprio poder, cometem injustiça saqueando a vida dos pobres: “Ai daquele que constrói a sua casa sem justiça e os seus aposentos sem direito, que faz trabalhar o seu próximo gratuitamente, lhe recusa o salário”. É supérfluo realçar a importância destas palavras também para a nossa sociedade, onde ainda não acabaram a exploração e até mesmo a escravidão de milhões de homens e mulheres forçados a um duro trabalho por um salário miserável. Uma riqueza construída sobre a injustiça levará apenas ao fracasso e a uma morte desonrosa. Bem diferente foi o destino daquele que “fez o que é justo e o que é direito... e julgava com justiça a causa do pobre e do indigente”. Para ele, Josias, o pai de Selum e do rei Joaquim, “tudo correu bem”. Uma boa vida é o resultado de uma vida na justiça e no amor pelos pobres. Quem governa pelos próprios interesses é rejeitado por Deus: “Conias, filho de Joaquim, rei de Judá, ainda que fosses um anel na minha mão direita, Eu arrancar-te-ia”. Não há laços eternos com o Senhor, se não forem renovados todos os dias numa vida vivida no amor, na justiça e na escuta da Palavra de Deus. Cada um de nós, é chamado a questionar-se diariamente em como voltar a escutar o Senhor, para poder viver aquela atenção aos pobres, que Jesus nos indicou como o caminho para O reconhecermos e para vivermos como Seus discípulos.
