ORAÇÃO TODOS OS DIAS

Oração do Dia do Senhor
Palavra de deus todos os dias
Libretto DEL GIORNO
Oração do Dia do Senhor
Domingo, 22 de Setembro

Homilia

O Evangelho fala de um administrador e dos seus negócios mais ou menos lícitos. É um trecho que à primeira vista parece muito estranho. Na verdade, parece que Jesus dá como exemplo aos discípulos um homem que se demonstra ligeiro e aldrabão na administração dos bens alheios. Mas, para compreender perfeitamente o texto evangélico, é necessário inseri-lo no seu contexto. O evangelista Lucas coloca, no capítulo 16, o ensinamento de Jesus sobre o uso da riqueza (há uma certa sequência com o capítulo anterior onde, com o episódio do “filho pródigo”, se mostram os desastres que provoca o querer usar as riquezas só para si). O texto evangélico quer dizer, em síntese, que o problema não está nos bens enquanto tal, mas no coração de quem os usa, como está escrito no Evangelho de Mateus: “Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6, 21). A questão central está em saber onde se encontra o nosso coração, onde se concentram as nossas verdadeiras preocupações.
Neste contexto, Jesus fala do administrador de uma grande propriedade. Este é acusado junto do seu senhor, de conduzir de modo ilícito o próprio trabalho. E as acusações devem ser de tal maneira evidentes que o seu senhor decide despedi-lo imediatamente; concede-lhe só o tempo de preparar e entregar os registos. Mas o caso apresenta uma reviravolta inesperada. O administrador entrevê uma alternativa impossível: pôr-se a mendigar ou cavar a terra; duas soluções para ele insuportáveis. Para evitar esse destino, trama uma outra fraude contra o seu senhor. Contacta os vários devedores do patrão, consegue corrompê-los e cancela as dívidas deles. Em troca eles comprometem-se a acolhê-lo e a mantê-lo mal seja despedido. Emerge daí um homem com poucos escrúpulos; e admira ler a conclusão do evangelista: “E o senhor (Deus) elogiou o administrador desonesto, porque agiu com esperteza” (v. 8).
É óbvio que o senhor não aprova o duplo furto cometido contra ele. Fica, no entanto, surpreendido com a habilidade do administrador em sair do sarilho em que se tinha metido devido ao seu comportamento desonesto. Isto é, Jesus não enaltece o engano. E muito menos, recomenda aos Seus discípulos que roubem com habilidade para angariarem deste modo, amigos. Tanto é verdade, que este homem não é colocado entre os “que pertencem à luz”, mas entre os “que pertencem ao mundo”. O que é dado como exemplo é a habilidade deste homem em procurar a sua salvação. Essa habilidade que muitos colocam entre as coisas da vida de todos os dias, Jesus quer transferi-la para o plano da salvação. Por outras palavras, parece que Jesus quer dizer aos ouvintes: “Como é que aquele administrador conquista a salvação? Como é que ele consegue evitar de ir cavar a terra ou de mendigar? Como é que assegura o seu futuro?”. A resposta é: “Sendo generoso com os devedores”. E, com efeito, o seu futuro e a sua própria vida dependeram da sua generosidade. Com ela ligou a si os devedores. “Usai o dinheiro injusto para fazer amigos e, assim, quando o dinheiro faltar, os amigos receber-vos-ão nas moradas eternas” (v. 9).
Fazer amigos. Mas, atenção, a amizade não se compra, constrói-se com a generosidade, com um coração pronto e disponível. Aqui está o cerne da parábola de hoje: a generosidade para com os devedores (ou seja, para com os pobres e os humildes) salva a nossa vida e o nosso futuro. Sede amigos dos pobres e sereis salvos. Esta é a astúcia que o Evangelho nos pede hoje. Pede-a a nós e aos seus discípulos. E pede-a aos países ricos para que compreendam que a salvação deles, mesmo a terrena, depende de uma atenção renovada para com os países pobres; é necessário não deixá-los sozinhos com os seus problemas. E, porque não!, perdoar-lhes aquela dívida que nunca conseguirão pagar e que os leva cada vez mais para o abismo.
O comentário mais eficaz a esta parábola é, talvez, a frase de Jesus pronunciada por Paulo quando se despedia dos responsáveis da comunidade de Éfeso: “Há mais felicidade em dar do que em receber” (Act 20, 35). Paulo deixava-lhes esta frase quase como síntese da vida. É uma indicação simples acerca do caminho da felicidade e da alegria. Porque é que estamos tristes? Porque é que os nossos dias se sucedem muitas vezes sem alegria? Ainda não compreendemos que a alegria não está no receber, mas no dar. Nós, habituados como estamos a procurar para nós mesmos, a acumular para nós, muitas vezes de maneira insensata, não conseguimos apreciar a beleza da generosidade e da gratuidade, a alegria de dar a própria vida pelo próximo. Não estamos aqui a falar de heroísmo. Às vezes, basta dar uma hora do nosso tempo, mas com generosidade e boa vontade, a quem necessita e está sozinho. É suficiente dar um pouco de amizade, uma ajuda material, fazer uma visita no hospital, dizer uma simples palavra de conforto. Ecoam as outras palavras de Jesus: “Estava com fome e destes-Me de comer” (Mt 25, 35). É este o caminho da alegria. O outro, o da defesa e de procurar antes de mais para si, leva à tristeza.

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