ORAÇÃO TODOS OS DIAS

Oração do Dia do Senhor
Palavra de deus todos os dias

Oração do Dia do Senhor

XXX do tempo comum
Recordação do histórico encontro de Assis (1986), quando João Paulo II convidou os representantes de todas as confissões cristãs e das grandes religiões mundiais para rezarem pela paz.
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Libretto DEL GIORNO
Oração do Dia do Senhor
Domingo, 27 de Outubro

Homilia

“A súplica do pobre penetra as nuvens, e ele não sossega, enquanto ela lá não chegar”. Estas palavras do livro do Eclesiástico (Ben Sirá) (35, 17), que abrem a liturgia deste domingo, põem-nos em continuidade com o que ouvimos no domingo passado. A oração permanece o horizonte onde a Palavra de Deus nos introduz. Mas já não se trata da insistência em dirigir-se a Deus, como no episódio da pobre viúva, mas na atitude que o homem deve ter na oração. O evangelista Lucas (18, 9-14) inicia a narração da famosa parábola do fariseu e do publicano que vão ao templo com uma premissa que esclarece os motivos: “Para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola”. Na verdade, trata-se de uma situação em que todos nós nos podemos reconhecer. Cada um de nós, no fundo, tem uma boa consideração de si mesmo, acompanhada por um sentido bastante crítico em relação aos outros. E acho que é oportuno realçá-lo nos nossos tempos, porque se tornou muito mais fácil apontar o dedo contra os outros, sem olharmos para nós mesmos. Distorções e desvios verificam-se também porque o ambiente, muitas vezes, permite-os ou tolera-os. Não há dúvidas de que a queda da tensão moral torna-nos todos corresponsáveis, embora com graus diferentes e, por isso, é difícil ficarmos totalmente ilibados.
A palavra deste domingo é pois, bem actual: são muitos aqueles que se consideram mais justos do que os outros; podemos dizer que o “templo” deste mundo está a abarrotar de gente que “confia na própria justiça e que despreza os outros”. O fariseu que está de pé diante do altar e agradece a Deus pela boa vida que conduz, não está só, está rodeado pela maioria. O fariseu pode gabar-se de coisas que a maioria dificilmente pode apresentar. Na verdade, tem algo de exemplar: que vá ao templo é coisa boa; também é bom que não se esconda num canto e que não se ponha no fundo perto da porta, como acontecia e acontece ainda em muitas das nossas igrejas. Além disso, o que o fariseu diz é verdade: não é um ladrão, não é um vigarista, não atraiçoa a mulher e é diferente daquele publicano que parou lá no fundo. Depois jejua, na verdade, duas vezes por semana e paga as ofertas. Não são coisas insignificantes; e nem todos as fazem. Portanto, é justo que agradeça a Deus. Enfim, parece, na verdade, que ele está com a consciência tranquila. Quanto ao publicano, devemos dizer a mesma coisa, embora ao contrário. Que pare no fundo do templo não é, no fim de contas, muito exemplar; e se não tem a coragem de erguer os olhos para o Céu, é porque tem as suas boas razões. Se bate no peito, fá-lo com razão. Diz-se pecador e é deveras. Enfim, não é uma pessoa que possamos definir “de bem”. Mas ele tem consciência disso e está arrependido. E é precisamente esta a razão que faz inverter o conceito da parábola. Jesus diz claramente que perante Deus não contam as obras que podemos alegar, mas sim a atitude do coração.
Esta parábola é, certamente, uma lição sobre a oração, mas é, sobretudo, uma lição acerca da atitude a ter perante Deus. O pecado do fariseu não está no plano das práticas religiosas (observa-as todas e escrupulosamente), mas naquele da presunção, da auto-suficiência, da mesquinhez e da maldade, que o leva a julgar com desprezo o publicano pecador. Vê-se que é um pecador, pela forma como julga o publicano: sem piedade. O fariseu sobe ao templo não para pedir ajuda ou para invocar o perdão; pelo contrário, sente-se na situação de fazer, ele, ofertas a Deus. Tem um coração cheio de si.
O publicano, apesar de ter alcançado um notável bem-estar na vida – se calhar até é temido - pelo contrário, sente-se necessitado. Ele sobe ao templo não com as mãos cheias, mas vazias, não para oferecer mas para pedir. A sua atitude perante Deus é a de um mendigo que estende a mão (aproveitamos para recordar que os mendigos diante das igrejas são o sinal da nossa condição diante de Deus, como escreve Santo Agostinho). Para o evangelista, o publicano é o protótipo do verdadeiro crente: ele não confia em si e nas suas obras, mesmo boas, mas só em Deus. Trata-se, mais uma vez, do paradoxo evangélico: “Quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado” (v. 14). Também está escrito: “Quem é pobre procura o Senhor” e não aquele que se sente justo. É uma grande verdade e uma grande sabedoria que o Evangelho propõe hoje à nossa reflexão.

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