ORAÇÃO TODOS OS DIAS

Oração do Dia do Senhor
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Oração do Dia do Senhor
Domingo, 17 de Novembro

Homilia

O ano litúrgico está a chegar ao fim e a liturgia exorta-nos a reflectir sobre as “últimas coisas”, sobre o “Dia ardente como o fogo” que está para vir, como escreve o profeta Malaquias. Também o trecho evangélico de Lucas realça o tema do “fim dos tempos”. Mas a linguagem escatológica utilizada pelo evangelista não indica literalmente a ruína das construções e o fim da Terra. Quer indicar o fim do nosso mundo, isto é, o fim de um certo modo de conceber a vida, o fim de comportamentos que obedecem a determinados ideais, a determinadas prioridades longe da justiça e do Evangelho. Nessa perspectiva, qualquer geração deve confrontar-se com a dimensão escatológica da vida, no sentido de que se deve confrontar com o fim do mundo em que vive, pensa, opera, projecta. É esta a mensagem da profecia de Malaquias: “Eis que vem o Dia, ardente como um forno. Então os soberbos e todos os que cometem injustiça serão como a palha” (3, 19), isto é, serão queimados e deles nada ficará. Pelo contrário, para os justos, naquele dia “brilhará o sol da justiça”. São palavras que ecoam com uma certa gravidade também nos nossos dias e através das obras de cada um de nós: incumbe um julgamento. Esta é a substância do discurso sobre “o fim dos tempos”. Vivemos já hoje, um momento em que o “sol da justiça” ou nos incendiará como palha ou nos tornará protagonistas de um novo dia. Não se trata de nos deixarmos levar por excitações apocalípticas ou por frenéticos e desconsiderados movimentos, na esteira de um fácil milenarismo de fim de século.
É necessário compreender a gravidade do tempo presente e revigorar o testemunho evangélico. Também o trecho evangélico (Lc 21, 5-19) auspicia o radicalismo do empenho evangélico para os dias de hoje. Foi isso que Jesus fez com os discípulos. Aproveitou da majestosa beleza do Templo de Jerusalém que deveria suscitar orgulho e segurança nos discípulos: naquele Templo que resplandecia de mármores e decorações, eles sentiam uma espécie de garantia para o próprio futuro e para o do povo de Israel. Mas Jesus, de um modo sério, disse: “Estais a admirar essas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra” (v. 6). Os discípulos perturbados por essa afirmação que comprometia também a segurança deles, perguntaram quando é que isso iria acontecer, pensando que, se calhar, se tivesse que acontecer, provavelmente aconteceria daí a muito tempo. Jesus não responde à pergunta dos discípulos, mas diz-lhes para estarem atentos, para não se deixarem enganar e para serem fiéis testemunhos do Evangelho.
Não há dúvidas que os nossos tempos são difíceis: basta pensar ao que está a acontecer a grandes nações ou na proliferação das guerras ou no ressurgir do perigo atómico (ao qual já quase ninguém dá muita atenção). Estes acontecimentos não se assemelham (e poderíamos citar muitos outros) aos “sinais” de que fala Jesus no Evangelho? Continuemos a escutar o Evangelho: “Haverá grandes terramotos, fome e pestes em vários lugares. Vão acontecer coisas pavorosas e grandes sinais vindos do céu” (vv. 10-11). Estas palavras não estão projectadas para um futuro longínquo. Descrevem a actualidade do mundo. Provavelmente já não é muito fácil encontrar lugares onde os cristãos são perseguidos nos dias de hoje. Jesus diz: “Sereis presos e perseguidos” (v. 12). É verdade, não são muitos os lugares da terra onde os cristãos são perseguidos mas, de qualquer modo, ainda há e não faltam os perseguidos (ainda que não sejam cristãos). Podemos ler, neste contexto, os tristes factos de intolerância e de racismo que continuam a dominar nas nossas cidades.
Perante tudo isto, Jesus afirma: “Isso acontecerá para que deis testemunho” (v. 13). Isto é, na situação em que vivemos, o Evangelho pede aos discípulos um testemunho corajoso e pleno. Este não é tempo de acomodações, de ajustamentos, de compromissos para salvar o salvável. É preciso que o Evangelho resplandeça claramente no rosto dos cristãos. Nesse sentido, estamos a viver os “últimos tempos”, os tempos nos quais ou nos incendiamos como palha ou ressurgimos para um novo dia.

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