Memória da morte de Ghandhi. Com ele recordamos todos os que, em nome da não-violência, são operadores de paz. Leia mais
Memória da morte de Ghandhi. Com ele recordamos todos os que, em nome da não-violência, são operadores de paz.
Leitura da Palavra de Deus
Aleluia aleluia, aleluia
Eis o Evangelho dos pobres,
a libertação dos prisioneiros,
a vista dos cegos,
a libertação dos oprimidos
Aleluia aleluia, aleluia
Hebreus 10,32-39
Recordai os primeiros dias nos quais, depois de terdes sido iluminados, suportastes a grande luta dos sofrimentos, tanto sendo expostos publicamente a insultos e tribulações, como sendo solidários com os que assim eram tratados. Tomastes parte nos sofrimentos dos encarcerados, aceitastes com alegria a confiscação dos vossos bens, sabendo que possuís bens melhores e mais duradouros. Não percais, pois, a vossa confiança, à qual está reservada uma grande recompensa. Na realidade, tendes necessidade de perseverança, para que, tendo cumprido a vontade de Deus, alcanceis a promessa. Pois ainda um pouco, de facto, um pouco apenas, e o que há-de vir, virá e não tardará. O meu justo viverá pela fé, mas, se ele voltar atrás, a minha alma não encontrará nele satisfação. Nós, porém, não somos daqueles que voltam atrás para a perdição, mas homens de fé para a salvação da nossa alma.
Aleluia aleluia, aleluia
O Filho do Homem veio para servir
quem quiser ser grande, faça-se servo de todos
Aleluia aleluia, aleluia
Inicia a terceira parte da Carta aos Hebreus. O autor quer exortar os cristãos à constância e à perseverança na vida cristã. Era um momento particularmente difícil para as comunidades cristãs daquele tempo, aflitas por muitas dificuldades. Provavelmente houve alguma cedência ou o testemunho deles tinha-se esmorecido, talvez em prol de um cristianismo vivido de uma forma mais individualista e, portanto, menos significativo, menos profético. O autor recorda a esses cristãos o fervor que tinham no tempo em que se converteram, quando enfrentavam com coragem qualquer sacrifício para testemunharem o Evangelho: não só não recuavam perante as dificuldades e os perigos, mas enfrentavam-nos juntos “com alegria”. O autor recorda aos cristãos quando estavam “expostos publicamente a insultos e tribulações” e viviam uma profunda solidariedade entre si: “participastes no sofrimento dos prisioneiros e aceitastes com alegria ser despojados dos próprios bens”. A razão desta coragem estava na convicção “de possuir bens melhores e mais duráveis”. Infelizmente, o fervor do início - o Apocalipse diria: o entusiasmo do “primeiro amor” (Ap 2, 4) esfriou-se e subentraram uma atitude preguiçosa em seguir o Evangelho e um espírito resignado perante as dificuldades encontradas. É uma cedência que também nós conhecemos bem, apesar de não vivermos em situações assim tão adversas como os cristãos daquele tempo. Não é difícil deixarmo-nos vencer pela preguiça e pela resignação, típicos de uma cultura egocêntrica e consumista, que minam por dentro a profecia do Evangelho. Os cristãos correm, assim, o risco de perderem a esperança e qualquer visão e, consequentemente, de não se empenharem por um mundo novo, mais solidário e menos violento. O autor exorta-nos a redescobrir a virtude da constância, isto é, a perseverar em seguir o Evangelho e a não abandonar a “parrésia”, aquela confiança em Deus que representa a verdadeira força do crente e que lhe permite manter-se firme mesmo num mundo adverso ao Evangelho e aos que O seguem. A preguiça e o cansaço correm o risco de nos fechar no presente e de atenuar a espera da vinda do Senhor. Sem espera, desaparece a esperança e a luta por um mundo melhor. Sem espera, atenua-se a necessidade de rezar e de nos empenharmos, enquanto se cede com facilidade ao individualismo e à mentalidade do nosso mundo.