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Quarta-feira de Cinzas
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Quarta-feira de Cinzas
Quarta-feira, 18 de Fevereiro

Homilia

A Quaresma, tempo carregado de história parece, infelizmente, esvaziar-se cada vez mais do seu significado num mundo distraído, onde até o Carnaval é mais incisivo e presente. Podemos dizer que é um tempo insignificante em relação aos tempos fortes dos interesses pessoais, de grupo ou de nação e, portanto, sem nenhuma relevância nem visibilidade. E, no entanto, o homem e o mundo têm uma extrema necessidade do “não sentido” do tempo da Quaresma. As Igrejas cristãs são chamadas a esconjurar o risco de aviltar a força destes quarenta dias de penitência, de jejum, de esmola e de oração. O profeta Joel refere o convite apaixonado de Deus: “Voltai para Mim de todo o coração, com jejuns, lágrimas e lamentações” (2, 12). O profeta, preocupado pela insensibilidade do povo de Israel, comentava o convite de Deus: “Rasgai o coração e não as vestes, voltai para o Senhor vosso Deus, pois Ele é piedade e compaixão, lento para a cólera, cheio de amor e arrepende-Se das ameaças” (Jl 2, 13). A Quaresma é o tempo mais oportuno para regressarmos a Deus e compreendermo-nos a nós mesmos e ao sentido da vida do mundo, também, porque o Senhor nos espera. Grande é a Sua misericórdia: Ele até está pronto a mudar a própria decisão, arrependendo-Se do mal ameaçado para realizar o bem.
A liturgia vem ao nosso encontro com o antigo sinal das cinzas que – posto de lado pelos nossos racionalismos e sentimentos de modernidade, apesar de ser tão verdadeiro - volta a ser de grande actualidade. Aquelas cinzas, acompanhadas pela expressão bíblica “Tu és pó e ao pó voltarás”, significa certamente penitência e pedido de perdão mas, sobretudo, mostra uma coisa simples e clara: somos todos pó, somos todos fracos e frágeis. Este homem que se ergue e que se sente poderoso (e todos nós temos a nossa maneira de nos erguermos e de nos sentirmos poderosos), amanhã não será mais nada. Este homem (ou também esta nação) que se ergue e se sente forte e ostenta sozinho as armas, amanhã corre o risco de se descobrir tragicamente frágil. Somos todos pó! E a cinza na nossa testa recorda-nos isso. Não para suscitar o medo e muito menos para nos induzir à recíproca eliminação. Na vida cristã, a humildade e a fragilidade são dimensões decisivas da vida, apesar de tentarmos continuamente fugir delas. Elas, e não a força, levam-nos a procurar o que une e a trabalhar para encontrar o caminho do encontro e da colaboração. É libertador o facto de não devermos estar sempre a fazer de contas que somos fortes e que somos imaculados e que não temos contradições. A verdadeira força está em considerar a própria fragilidade e em manter vivo o sentido de humildade e de mansidão: “Os mansos – afirma Jesus – possuirão a terra” (Mt 5, 5).
O sinal das cinzas permanece, portanto, mais do que nunca, actual. É um sinal austero e tal é também o tempo da Quaresma. É-nos dado para nos ajudar a viver melhor e para nos fazer compreender a grandeza do amor de Deus que escolheu ligar-Se a pessoas humildes e frágeis como nós. E a nós, humildes e frágeis, confiou a grande dádiva da paz para que a vivamos, a protejamos, a defendamos, a edifiquemos. Em demasiados lugares do mundo, a paz é quotidianamente dissipada. É dissipada no sofrimento de muitos povos oprimidos pela violência. As palavras do profeta Joel ecoam fortes ainda hoje: “Tocai a trombeta em Sião, proclamai um jejum, convocai uma assembleia. Reuni o povo, organizai a comunidade, chamai os velhos, reuni os jovens e crianças de peito… Os sacerdotes venham chorar entre o pórtico e o altar… O Senhor teve ciúmes da sua terra e compadeceu-Se do seu povo” (Jl 2, 15-18). E deveras, o Senhor tem ciúmes da Sua terra e compadece-Se pelo Seu povo! São precisamente os Seus ciúmes e a Sua compaixão que nos constituem, como escreve Paulo aos Coríntios “embaixadores em Cristo”. Aqui é que está a nossa força: o Senhor tomou o pó que nós somos para nos fazer “embaixadores” de paz e de reconciliação. Nós cristãos, somos chamados a ser sentinelas de paz nos lugares onde vivemos e trabalhamos. É-nos pedido para vigilarmos, para que as consciências não cedam à tentação do egoísmo, da mentira e da violência. O jejum e a oração tornam-nos sentinelas atentas e vigilantes para que não predomine o sono da resignação que leva a considerar inevitáveis as guerras. Para que se afaste o sono da aquiescência ao mal que continua a oprimir o mundo. Para que seja derrotado desde a raiz o sono do realismo preguiçoso que nos faz fechar em nós mesmos e nos nossos interesses. No Evangelho deste dia, Jesus exorta os discípulos a jejuar e a rezar para se despirem de toda e qualquer soberba e arrogância e para se disporem com a oração a receber os dons de Deus. As nossas forças, sozinhas, não são suficientes para afastar o mal; precisamos de invocar a ajuda do Senhor, o único que é capaz de dar aos homens aquela paz que eles não se sabem dar.

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