ORAÇÃO TODOS OS DIAS

Oração do Dia do Senhor
Palavra de deus todos os dias
Libretto DEL GIORNO
Oração do Dia do Senhor
Domingo, 26 de Abril

Homilia

A Igreja dedica este domingo, chamado do Bom Pastor, à reflexão e à oração para as vocações sacerdotais e religiosas. No centro da liturgia da Palavra encontra-se o apaixonado discurso com que Jesus, em plena polémica com a classe dirigente de Israel, Se apresenta como o “Bom Pastor”, isto é, Aquele que reúne e guia as ovelhas chegando até mesmo a oferecer a própria vida para as salvar. E acrescenta: “Quem não oferece a vida pelas suas ovelhas, não é pastor, mas mercenário”. Com efeito, a oposição entre o pastor e o mercenário nasce precisamente desta motivação: o pastor faz o seu trabalho por amor, renunciando ao próprio interesse até mesmo a custo da própria vida, enquanto que o mercenário age por interesse pessoal e por dinheiro e, portanto, é lógico que no momento do perigo, abandone as ovelhas ao próprio destino. O evangelista, para indicar o perigo, usa a imagem do lobo que “ataca e dispersa” as ovelhas. É uma relhada duríssima aos fariseus, acusados de “serem pastores de si mesmos... e não do rebanho” (Ez 34, 2), enquanto que Ele veio para “reunir os filhos que estavam dispersos” (Jo 11, 52).
A bem ver, a acção do lobo é congenial à atitude do mercenário. Com efeito, aos dois importa apenas o próprio interesse, a própria satisfação, o próprio lucro e não o das ovelhas. Realiza-se assim, uma aliança de facto entre o interesse próprio e o desinteresse pelo próximo. Daí deriva uma espécie de diabólica conjura dos indiferentes e dos egoístas contra os mais fracos e indefesos. Se pensarmos no enorme número de pessoas que perderam o sentido da vida e que vagueiam sem nenhuma meta, se olharmos para os milhões de refugiados que abandonam as próprias terras e os próprios afectos à procura de uma vida melhor sem que ninguém se preocupe, se observarmos a debandada dos jovens à procura da felicidade sem que haja alguém que lhas indique, deveremos, infelizmente, constatar a triste e cruel aliança entre os lobos e os mercenários, entre os indiferentes e os que procuram só tirar vantagens pessoais dessa desordem. Escreve o profeta Ezequiel: “as minhas ovelhas espalharam-se por toda a terra, e ninguém as procura para cuidar delas” (Ez 34, 6).
Vem o Senhor Jesus e com autoridade afirma: “Eu sou o bom pastor, e dou a vida pelas minhas ovelhas”. Não se limitou só a dizê-lo. Demonstrou-o também com os factos, sobretudo nos dias da Paixão, quando amou os Seus até ao fim, até à efusão do sangue. É verdade, finalmente chegou entre os homens Aquele que quebra a triste e amarga aliança entre o lobo e o mercenário, entre o interesse por si e o desinteresse pelo próximo. Quem precisa de conforto e de ajuda, sabe agora a quem se dirigir, sabe onde ir bater à porta, sabe para onde dirigir os próprios olhos e o próprio coração. Jesus tinha dito: “Quando Eu for levantado da terra, atrairei todos a Mim” (Jo 12, 32). No fundo, o Evangelho não fala de outra coisa senão deste laço entre multidões desesperadas, abandonadas, exaustas e sem pastor e Jesus que Se comove por elas. “Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, será que não deixa as noventa e nove no campo para ir procurar a ovelha que se perdeu, até a encontrar?” (Lc 15, 4), diz o Senhor. Atribui-se a São Carlos Borromeo a seguinte frase: “Para salvar uma alma, uma só, iria até ao inferno”. É este o ânimo do pastor: ir até ao inferno, isto é, até ao limite mais baixo para salvar uma pessoa. Nesta perspectiva, pode-se compreender também a “descida aos infernos” de Jesus no Sábado Santo. Nem sequer depois de morto, podemos dizer, Jesus parou para pensar em Si mesmo. Como Bom Pastor, foi procurar aquele que se tinha perdido, que estava e é esquecido, que estava e continua no inferno deste mundo que o mal e os homens criaram.
O Evangelho parece querer dizer: ou somos pastores desta maneira ou não podemos ser outra coisa, senão mercenários. É verdade, só Jesus é que é “Bom Pastor”: ou nos assemelhamos a Ele ou traímos a Sua própria missão. Sabemos muito bem que somos inadequados e que é o Seu Espírito efundido nos nossos corações que nos transforma para termos “os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo” (Fl 2, 5). A página evangélica de hoje aplica-se, decerto, àqueles que têm responsabilidades “pastorais” na Igreja, em particular aos bispos e aos sacerdotes. E é oportuno, ou melhor, um dever rezar e não só hoje, para que os “pastores” se assemelhem cada vez mais a Jesus, verdadeiro e único “Bom Pastor”. O Papa Francisco insiste para que os pastores tenham eles mesmos “o cheiro” das ovelhas. E devemos intensificar a oração para que o Senhor dê à Sua Igreja jovens que escutem a chamada para serem “pastores” segundo o próprio coração, segundo a própria paixão de amor.
Qualquer comunidade cristã é chamada, no entanto, a observar a abundância da “seara” e a escassez dos “trabalhadores”. Podemos dizer que há uma responsabilidade “pastoral” que pertence a todos os crentes e não só aos sacerdotes. Na verdade, cada cristão é ao mesmo tempo, membro do rebanho do Senhor e, a seu modo, também “pastor”, isto é, responsável pelos irmãos, pelas irmãs e pelo próximo. Em muitas outras páginas das Escrituras emerge esta responsabilidade “pastoral” difusa de cada crente. A começar pelas origens da humanidade quando Deus pediu contas a Caim do seu irmão. E não foi certamente exemplar, a resposta de Caim: “Sou porventura o guarda do meu irmão?”. Sim, Caim era o responsável pelo irmão Abel (neste sentido, também podemos dizer que era o seu “pastor”). E todo o crente deve sê-lo para com o seu próximo. Rezar para que na comunidade cristã haja alguém que escute a chamada do Senhor para servir a Igreja no ministério ordenado, faz parte da espiritualidade de todo o crente. Mas, é de um terreno cheio de atenção “pastoral”, isto é, cheio de crentes que se preocupam pelo próximo, que podem nascer os “pastores” de hoje. Uma comunidade apaixonada pelo próximo, gera pastores. Na verdade, o bom pastor não é um herói, mas é uma pessoa que ama e o amor leva-nos para onde nunca sonharíamos chegar.
Amar o próximo significa ter sentimentos largos como os que Jesus tinha: “Tenho também outras ovelhas que não são deste redil: também tenho de as conduzir. Elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor”. O amor de Deus enternece o coração: faz-nos comover por aqueles que vagueiam nas nossas cidades à procura de um porto seguro, pelos que não sabem encontrar conforto, pelos milhões de desesperados que estão nesta terra, por aquele homem ou aquela mulher próxima ou afastada que procura consolação e não a encontra. Escreve Mateus: “Vendo as multidões que O seguiam Jesus sente compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor”. E o evangelista acrescenta logo a seguir: “Então, Jesus disse aos seus discípulos: “A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos! Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a seara” (Mt 9, 36-37). Toda a comunidade cristã está unida ao Senhor Jesus que se comove ainda pelas multidões deste mundo. E com Ele, reza para que não faltem trabalhadores para a vinha do Senhor. Mas, ao mesmo tempo, cada crente, diante de Deus e “dos campos que já estão dourados para a colheita” (Jo 4, 35), deve dizer com o profeta: “Aqui estou Senhor. Envia-me!” (Is 6, 8).

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