ORAÇÃO TODOS OS DIAS

Oração do Dia do Senhor
Palavra de deus todos os dias
Libretto DEL GIORNO
Oração do Dia do Senhor
Domingo, 20 de Setembro

Homilia

Jesus e os discípulos, “partindo dali atravessavam a Galileia”. Estas palavras do Evangelho de Marcos introduzem-nos na viagem que Jesus acabou de empreender da Galileia para Jerusalém; uma viagem que o evangelista recordará várias vezes nos capítulos seguintes. Não se trata, obviamente, de um itinerário exclusivamente espacial. A viagem que o Senhor realiza juntamente com os discípulos é o símbolo do caminho da vida, do itinerário do próprio crescimento espiritual, assim como do caminho que todos os anos litúrgicos somos chamados a percorrer com o Senhor, de domingo a domingo. A cena que o Evangelho nos apresenta é simples: Jesus toma consigo os discípulos e “caminha diante deles” – é assim que faz o pastor que conduz o seu rebanho – dirigindo-se para Jerusalém. Podemos entrever nesta linda imagem evangélica a reunião dos cristãos, todos os domingos, à volta do seu Mestre e Pastor.
Enquanto caminha, como é Seu hábito, Jesus fala com os discípulos. Mas, desta vez, não aparece como mestre, mas como o amigo que abre o Seu coração aos Seus amigos mais íntimos. Jesus, que não é um herói impassível e solitário que dispensa tudo e todos, sente a necessidade de abrir aos discípulos os pensamentos mais íntimos que inquietam naquele momento o Seu coração. E diz-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, que O matarão”. É a segunda vez que toca este assunto com eles. Quando o disse pela primeira vez, Pedro, que tinha tentado dissuadir Jesus do Seu caminho, foi asperamente censurado. Jesus sente a necessidade de Se abrir novamente. Evidentemente está oprimido por uma grande angústia. A mesma que sentirá no jardim do Getsémani e que O fará transpirar sangue. No entanto, mais uma vez e apesar da familiaridade que se tinha criado, nenhum dos discípulos compreende o coração e os pensamentos de Jesus. Todavia, não era difícil relembrar alguns dos trechos das Escrituras que descrevem as tribulações da vida do justo.
O livro da Sabedoria narra, precisamente, uma conjura que homens ímpios e poderosos tramam levianamente e com incolumidade, contra o justo: “Vamos armar ciladas ao justo, porque ele nos incomoda e se opõe às nossas acções; o justo reprova as transgressões que cometemos contra a Lei, e acusa-nos de faltas contra a educação que recebemos... Vamos condená-lo a sofrer morte vergonhosa, porque ele mesmo diz que não lhe faltará socorro” (2, 12-20). Provavelmente os discípulos recordarão estas palavras só no fim da viagem, em Jerusalém, quando se realizarão quase literalmente na Cruz. Agora, ninguém percebe. No entanto, as palavras são dramaticamente claras. Mas, porque é que os discípulos não compreendem? A resposta é simples: porque o coração e a cabeça deles, estão longe do coração e da mente do Mestre; as ânsias deles são outras em relação às de Jesus. Como podem entender estando assim tão afastados? Jesus está angustiado pela Sua morte, enquanto que eles estão preocupados pelo lugar, em saber qual deles é o maior.
O resto da narração evangélica é, deveras desconfortante. O evangelista deixa intuir que Jesus, durante o caminho, ficou sozinho diante do grupo dos discípulos que, tendo ficado para trás, sem darem peso às palavras dramáticas do Mestre, se puseram a discutir sobre qual deles era o maior. Chegados a casa em Cafarnaum, Jesus pergunta-lhes sobre o argumento da discussão ao longo do caminho. Mas “eles ficaram calados”, anota o evangelista. Finalmente sentiam pelo menos um pouco de vergonha pelo argumento sobre o qual tinham discutido. Era bom. A vergonha é o primeiro passo da conversão; na verdade, ela nasce quando nos reconhecemos distantes de Jesus e do Evangelho. O pecado, ainda antes de ser um determinado gesto mau, é a distância de Jesus. E se não há vergonha por essa distância, então sim, é que nos devemos preocupar. Quando não há vergonha do próprio pecado, quando se atenua a consciência do mal que se realiza, quando não se dá peso ao próprio pecado, excluímo-nos de facto, do perdão. O verdadeiro drama da nossa vida é quando não há ninguém que nos pergunta, que nos interpela, como fez Jesus com os discípulos: “O que é que discutíeis?”. Sem esta resposta, ficaremos prisioneiros de nós mesmos e das nossas bem míseras seguranças.
O domingo é o dia do perdão, para que nos possamos aproximar de novo do Senhor que nos fala, que nos interpela, que nos permite tomar consciência da nossa miséria e do nosso pecado. Escreve o evangelista: “Sentou-Se, chamou os Doze” e explicou-lhes, mais uma vez, o Evangelho, corrigindo a distorção do coração e das atitudes deles. É uma cena emblemática para a comunidade cristã; podemos dizer que é como um ícone. Todos nós, cada comunidade cristã, deve reunir-se e com frequência, à volta do Evangelho para escutar o ensinamento do Senhor, para se nutrir do Pão que desceu do Céu, para corrigir o próprio comportamento, para encher o coração e a mente com os sentimentos e os pensamentos do Senhor. Jesus, olhando com esperança para aquele pequeno grupo de discípulos, começou a falar, alterando completamente as ideias deles: “Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último e ser aquele que serve a todos”. Responderá do mesmo modo também a Tiago e a João: “Quem de vós quiser ser grande, deve tornar-se o vosso servidor, e quem de vós quiser ser o primeiro, deverá tornar-se o servo de todos” (Mc 10, 43-44).
Parece que Jesus não contesta a procura de primazia por parte dos discípulos. No entanto, inverte o conceito: é primeiro aquele que serve, não aquele que comanda. E para que entendam bem o que Ele quer dizer, apanha uma criança, abraça-a e coloca-a no meio do grupo dos discípulos; é um centro não só físico, mas também de atenção, de preocupação, de coração. Aquela criança – o Senhor quer dizer aos discípulos – deve estar no centro das preocupações das comunidades cristãs. E explica a razão: “Quem receber uma destas crianças, é a Mim que recebe”. A afirmação é perturbante: nos pequenos, nos indefesos, nos fracos, nos pobres, nos doentes, em todos os que a sociedade rejeita e afasta, encontra-se Jesus, ou melhor, o próprio Pai.

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