Leitura da Palavra de Deus
Aleluia aleluia, aleluia
Eis o Evangelho dos pobres,
a libertação dos prisioneiros,
a vista dos cegos,
a libertação dos oprimidos
Aleluia aleluia, aleluia
Salmo 1,1-6
1 Feliz o homem
que não vai ao conselho dos injustos,
não pára no caminho dos pecadores,
nem se senta na roda dos zombadores.
2 Pelo contrário,
o seu prazer está na lei do Senhor,
e medita a sua lei, dia e noite.
3 Ele é como árvore
plantada junto da água corrente,
dá fruto no tempo devido:
as suas folhas nunca murcham.
Tudo o que ele faz é bem sucedido.
4 Não são assim os injustos,
são como palha que o vento arrebata;
5 por isso, os injustos não ficarão de pé no Julgamento,
nem os pecadores na assembleia dos justos.
6 Porque o Senhor conhece o caminho dos justos,
enquanto o caminho dos injustos perece.
Aleluia aleluia, aleluia
O Filho do Homem veio para servir
quem quiser ser grande, faça-se servo de todos
Aleluia aleluia, aleluia
A liturgia faz-nos cantar o Salmo que abre todo o saltério. Podemos dizer que o salmista canta, desde o início, a felicidade do crente que escuta a Palavra do Senhor. Com efeito, é a escuta que o distingue do insensato. Não é a inteligência ou a cultura e nem sequer as qualidades humanas que se possuem que fazem de um homem um crente, um discípulo, mas, precisamente a escuta. Por sua vez, o insensato subtrai-se à escuta da Palavra do Senhor e, seguindo unicamente a si mesmo, ilude-se em viver com plenitude e liberdade. Todavia, depara-se com uma vida semelhante à palha que o vento arrebata (“palha” em hebraico significa uma coisa sem peso, sem raízes, que esvoaça ao menor sopro de vento e se volatiliza). Por isso anota o salmista o insensato “perecerá”. Pelo contrário, o justo que não segue o conselho dos injustos e que “não vai ao conselho deles”, encontra a sua felicidade em escutar o Senhor. Ele ama e medita dia e noite a lei do Senhor (o termo “meditar” em hebraico significa recitar sussurrando até se aprender de memória o texto sagrado). O salmista pretende sugerir que Deus sussurra a Sua Palavra para que chegue até ao coração do crente e aí permaneça pois só assim é que poderá dar frutos. O justo é como uma árvore bem plantada ao longo do rio: certamente dará frutos em todas as estações e em qualquer condição e as suas folhas são sempre verdes. A experiência espiritual diz-nos que de um coração que escuta a Palavra de Deus promana juízo, sabedoria, prudência e brotam acções santas. Com efeito, a Palavra de Deus não só dá alegria em quem A escuta, mas também é força que leva a realizar as obras do amor e a transformar também o mundo. Quem se afasta da lei do Senhor, conduz uma vida triste, vazia e sem frutos. O salmista exorta, desde o primeiro Salmo, a redescobrir a primazia da escuta porque é na escuta que se encontra o fundamento da sua própria vida. Também Jesus, no início da Sua pregação, chama “felizes” aqueles que escutam a Sua Palavra e A põem em prática porque constroem a própria existência numa rocha firme que resiste às adversidades e dá segurança.