Leitura da Palavra de Deus
Aleluia aleluia, aleluia
Eis o Evangelho dos pobres, a libertação dos prisioneiros,
a vista dos cegos, a libertação dos oprimidos
Aleluia aleluia, aleluia
Salmo 32 (33), 12-13.18-22
12 Feliz a nação cujo Deus é o Senhor,
o povo que Ele escolheu como herança.
13 Do céu o Senhor contempla:
e vê todos os homens;
18 O Senhor cuida daqueles que O temem,
daqueles que esperam pelo seu amor,
19 para livrar da morte a sua vida,
e no tempo da fome fazê-los viver.
20 Quanto a nós, esperamos no Senhor:
Ele é o nosso auxílio e o nosso escudo.
21 N’Ele se alegra o nosso coração,
no seu Nome santo confiamos.
22 Senhor, esteja sobre nós o teu amor,
como está em Ti a nossa esperança.
Aleluia aleluia, aleluia
O Filho do Homem veio para servir
quem quiser ser grande, faça-se servo de todos
Aleluia aleluia, aleluia
A liturgia coloca na nossa boca alguns versículos do Salmo 32, um hino à Palavra de Deus que cria, que conduz a história no caminho da justiça e do amor e que governa com paixão materna o povo que o Senhor escolheu para Si. O salmista canta a felicidade da “nação cujo Deus é o Senhor, o povo que Ele escolheu como herança” (v. 12). Num só versículo está resumido o mistério da aliança entre Deus e Israel. O Senhor, na Sua misericórdia, escolhe Israel como Seu povo. E esta escolha está na base da felicidade de Israel. Mas Israel também deve acolher a aliança e, portanto, reconhecer o Senhor como único Deus. É o mistério que atravessa toda a Sagrada Escritura, desde as páginas do Êxodo. Diz o Senhor ao Seu povo: “Se Me obedecerdes e observardes a minha aliança, sereis minha propriedade especial entre todos os povos, porque a terra toda Me pertence! Vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Ex 19, 5-6). O povo do Senhor, o mais pequeno de todos tem, no entanto, a missão de testemunhar a todas as nações da Terra a grandeza e o amor do Senhor. É o olhar sem confins de Deus que está na raiz da missão “sacerdotal” isto é, santa do povo dos crentes por todo o mundo. De facto, Deus tem um olhar universal, como canta o Salmo: “Do céu o Senhor contempla: e vê todos os homens” (v. 13). O Senhor vê todos os povos, vê as nossas megalópoles, vê um mundo que já se globalizou. E ama a todos, sem exclusão de ninguém. E escolheu um pequeno povo para falar a todas as nações, um pequeno povo para falar ao grande povo da cidade. Estas palavras recordam-nos a decisão de Deus de salvar os homens não um a um, mas reunindo-os num só povo. Esta sabedoria bíblica contesta radicalmente aquele individualismo que vê aumentar cada vez mais o seu poder induzindo os homens a pensar cada um por si. O Senhor guarda os homens para os salvar do poder do mal. Nas páginas tanto do Antigo Testamento quanto do Novo, é frequente a imagem do Senhor como um Bom Pastor que reúne as ovelhas dispersas para as conduzir todas juntas para as pastagens verdes onde poderão repousar. O salmista canta que “o Senhor cuida daqueles que O temem, daqueles que esperam pelo seu amor, para livrar da morte a sua vida e no tempo da fome fazê-los viver” (vv. 18-19). Se o olhar do Senhor é dirigido ao Seu povo, também o do Seu povo deve estar dirigido ao seu Senhor. Há uma exortação à reciprocidade do olhar: assim como o Senhor não consegue desviar o Seu olhar do povo que Ele escolheu, assim também nós nunca deveremos desviar os nossos olhos do Senhor. E, no entanto, com quanta facilidade nos fechamos e fixamos os nossos olhos só em nós mesmos ou, de qualquer modo, nunca para além do nosso estrito horizonte! O Salmo, nos seus últimos versículos, leva-nos a erguer o olhar: “Quanto a nós, esperamos no Senhor: Ele é o nosso auxílio e o nosso escudo. N’Ele se alegra o nosso coração, no seu Nome santo confiamos. Senhor, esteja sobre nós o teu amor, como está em Ti a nossa esperança” (vv. 20-22). São as palavras da alegria do crente que a piedade cristã escolheu para terminar o tradicional cântico de agradecimento do Te Deum.
