ORAÇÃO TODOS OS DIAS

Oração do Dia do Senhor
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Libretto DEL GIORNO
Oração do Dia do Senhor
Domingo, 17 de Setembro

Homilia

Pedro pergunta ao Senhor quantas vezes deverá perdoar ao irmão que peca contra ele. Indica uma medida generosa, sete vezes. Nós não sabemos sequer perdoar uma só vez. Pedro decide fazê-lo, mas até um certo ponto. Deseja um limite para poder aceitar mais facilmente o sacrifício do perdão. É verdade: o perdão é incompreensível para a nossa justiça. É injusto. Quem poderá merecer o perdão? Jesus não o condiciona a nada: perdoa-se e basta. Porquê perdoar as dívidas? Se eu perdoo hoje, o próximo voltará a pecar contra mim ou contra os outros! Que garantias terei? Quando sofremos uma injustiça, muito facilmente nos sentimos imediatamente no direito de sermos mestres e juízes dos outros, implacáveis defensores da justiça. Perdoar afigura-se como uma evidência de fraqueza, como se não fossemos capazes de reagir ou de recordar. Pensamos que perdoar nos torna vulneráveis, pelo que o próximo poderá aproveitar-se da situação. Algumas vezes, perdoar pode parecer cumplicidade com o mal ou, pior, indiferença para com as vítimas da culpa, pode parecer como que uma traição à dor delas. Acabamos por sacrificar amizades e relações, até mesmo muito profundas, só para não perdermos as nossas razões. “Ele peca e eu devo perdoar? Porquê?”. No perdão há sempre alguma coisa de injusto. Como o amor. Mas o que é que transforma o coração dos homens e o liberta do mal? O amor – sapiente, inteligente, forte, apaixonado, pessoal, não superficial, pobre de vida e de coração – ou a justiça? O perdão não apaga o passado, não consiste em fazer de contas que não aconteceu nada. Jesus não fecha os olhos sobre o nosso pecado, como um homem distraído ou tão condescendente que chega a não se aperceber de nada. Jesus reconhece o mal, renega-o e ensina-nos a não aceitá-lo na nossa vida, até mesmo nas coisas pequenas. Por isso, perdoa, até mesmo da Cruz. Perdão, significa não se deixar irritar pela lógica do mal, com os seus ressentimentos, as suas cadeias intermináveis de justiça sempre insaciável. Perdão é remitir a dívida, apenas por piedade, não por cálculo. Perdão é caminhar mais uma milha com quem te obriga a fazer uma, para descobrir o motivo do seu pedido, para responder à sua demanda de amor, para procurar a chave do seu coração e dobrar com a mansidão a sua obstinação e a sua animosidade. “Amai os vossos inimigos”. O perdão volta a dar futuro a quem o recebe e a quem o dá. Um futuro diferente da inimizade, da culpa, do pecado.
Jesus, para explicar a Sua resposta a um Pedro provavelmente atónito, fala de um rei que tem dois empregados com quem tem de acertar contas. Chega um com uma dívida catastrófica: dez mil talentos. O valor é simbólico (cerca de 100 milhares de milhões de euros). Esse valor indica a confiança ilimitada do rei que deposita tantos bens nas mãos dos seus empregados. Mas evidencia também o risco grave e irresponsável que aquele administrador assumiu, sabendo bem que se trata de uma dívida que nunca será solvível. Do mesmo modo, também é totalmente irrealista o tempo que o empregado pede para liquidar “toda” a dívida. O empregado descrito por Jesus não é uma excepção, é a norma. De facto, todos nós dissipamos bens que não são nossos. A maior parte do que possuímos é fruto de graças e de talentos que nos foram confiados e não dos nossos méritos ou das nossas capacidades. Somos todos devedores, como aquele empregado, e acumulamos para com o senhor uma dívida enorme. Como? Antes de mais julgando-nos donos daquilo que nos foi confiado. E, depois, com a atracção desconsiderada dos adolescente pelo risco, acabando por não dar valor a nada. Ou, então, deixando-nos embriagar pela abundância que nos leva a consumir as coisas como uma droga, tornando-nos escravos do presente e da lógica da satisfação por nós mesmos. Poderíamos prosseguir, pensando nas mesquinhas subtilezas de cada um, nos mil ajustes, no estar sempre a adiar, no correr atrás de nós mesmos. Jesus recorda-nos que somos todos devedores, que cada um de nós acumulou uma dívida enorme, imensurável, tanto é que só a graça, a magnificência, a compaixão do senhor é que a pode perdoar. Se esta consciencialização se torna pessoal e profunda, como aconteceu a um outro “devedor” do Evangelho como era o filho pródigo que “tomou consciência de si mesmo”, eis que é possível transmitir a outros a misericórdia recebida, num contágio oposto ao da violência e do mal. Mas se, como sucedeu com o empregado descrito por Jesus, voltamos rapidamente a ser prisioneiros da mesma mentalidade que permite acumular uma dívida enorme, eis que olhamos com dureza, com atitudes e exigências implacáveis os outros que nos pedem alguma coisa. Nós que somos rápidos a defendermo-nos sabemos, no entanto, quanto é fácil ser exigentes, meticulosos e inflexíveis perante o pedido dos outros. Aquele empregado esquece-se logo. Não é agradecido. Pensa que tudo lhe é devido e vive orgulhosamente. Logo ele, aldrabão, persegue os outros. Não perdoa. Não faz aos outros aquilo que quis que fizessem a ele. É exigente, inflexível com o outro empregado que lhe devia uma ninharia. Entrega tudo nas mãos da justiça que se revela implacável. Como fazemos nós que nunca damos confiança ao próximo. Desejamo-la para nós, sentimo-nos capazes de fazer uma coisa impossível, mas pensamos que para os outros é diferente e tornamo-nos juízes severos e intransigentes. “Perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”, ensina Jesus. Aquele empregado que escolheu a justiça sem amor pelo próximo acaba, também ele, por ser julgado do mesmo modo.
Perdoemos de coração! Libertemo-nos da corrente do ressentimento! Como Jesus. “Bendiz o Senhor, ó minha alma, e não esqueças nenhum dos seus benefícios. Ele perdoa todas as tuas culpas, e cura todos os teus males; Ele livra da cova a tua vida. Ele lembra-Se do pó que nós somos. Nunca nos trata conforme os nossos erros, nem nos castiga segundo as nossas culpas. Como o Oriente está longe do Ocidente, assim Ele afasta de nós as nossas transgressões” (Sl 103). Porque a justiça de Deus é o amor. Deixemo-nos amar e aprendamos a ser misericordiosos. Deste modo, encontraremos a nossa felicidade e libertaremos o mundo do mal.

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