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11 Novembro 2015

O humanismo cristão afirma radicalmente a dignidade de cada pessoa como Filho de Deus, estabelece entre todos os seres humanos uma fraternidade fundamental,

ensina a compreender o trabalho, a habitar a criação como casa comum, fornece razões para a alegria e o humorismo, também no meio de uma vida muitas vezes deveras dura.

 
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As nossas mesmas formulações de fé são fruto de um diálogo e de um encontro entre culturas, comunidades e instâncias diferentes. Não devemos ter medo do diálogo: aliás, é precisamente o confronto e a crítica que nos ajuda a evitar que a teologia se transforme em ideologia.
Recordai-vos também que o melhor modo para dialogar não é falar e debater, mas fazer algo juntos, construir juntos, fazer projectos: não sozinhos, entre católicos, mas juntamente com todos os que têm boa vontade

E sem medo de realizar o êxodo necessário a todos os diálogos autênticos. Caso contrário não é possível compreender as razões do outro, nem entender até ao fundo que o irmão conta mais do que posições que julgamos distantes das nossas certezas mesmo que autênticas. É irmão.

Mas a Igreja saiba também dar uma resposta clara face às ameaças que emergem no interior do debate público: esta é uma das formas do contributo específico dos crentes para a construção da sociedade comum. Os crentes são cidadãos. E digo isto aqui em Florença, onde arte, fé e cidadania sempre foram compostas num equilíbrio dinâmico entre denúncia e proposta. A nação não é um museu, mas uma obra colectiva em construção permanente na qual devem pôr em comum precisamente as coisas que diferenciam, inclusive as pertenças políticas ou religiosas.

Lanço um apelo sobretudo «a vós, jovens, porque sois fortes», dizia o Apóstolo João (cf. 1 Jo 1, 14). Jovens, superai a apatia. Que ninguém despreze a vossa juventude, mas aprendei a ser modelos no falar e no agir (cf. 1 Tm 4, 12). Peço-vos que sejais construtores da Itália, que vos coloqueis ao trabalho por uma Itália melhor. Por favor, não olheis da varanda da vida, mas comprometei-vos, imergi-vos no amplo diálogo social e político. As mãos da vossa fé se ergam ao céu, mas façam-no enquanto edificam uma cidade construída sobre relações nas quais o amor de Deus é o fundamento. E assim sereis livres para aceitar os desafios de hoje, para viver as mudanças e as transformações.

Pode-se dizer que hoje não vivemos uma época de mudança mas uma mudança de época. Portanto, as situações que vivemos hoje apresentam desafios novos que para nós às vezes são até difíceis de compreender. Este nosso tempo exige que vivamos os problemas como desafios e não como obstáculos: o Senhor é activo e age no mundo. Por conseguinte, saí pelas ruas e ide às encruzilhadas: todos os que encontrardes, chamai-os, sem excluir ninguém (cf. Mt 22, 9). Sobretudo, acompanhai quem ficou à beira da estrada, «coxos, aleijados, cegos, surdos» (Mt 15, 30). Onde quer que estiverdes, nunca construais muros nem fronteiras, mas praças e hospitais de campo.

 

Do discurso do Papa Francisco ao V Congresso nacional da Igeja Italiana - Florença 10 de Novembro de 2015