....Infelizmente, porém, estamos a ser testemunhas duma tragédia imensa que se desenrola diante dos nossos olhos: inúmeras pessoas inocentes que são mortas, deslocadas ou forçadas a um exílio doloroso e incerto devido a contínuos conflitos por motivos étnicos, económicos, políticos e religiosos no Médio Oriente e noutras partes do mundo. Em consequência, minorias religiosas e étnicas tornaram-se alvo de perseguição e tratamento cruel, a ponto de o sofrimento por uma crença religiosa se tornar uma realidade diária. Os mártires pertencem a todas as Igrejas e o seu sofrimento é um «ecumenismo de sangue» que transcende as divisões históricas entre os cristãos, convidando-nos a todos a promover a unidade visível dos discípulos de Cristo. Juntos rezamos, por intercessão dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, Tadeu e Bartolomeu, por uma mudança de coração em todos aqueles que cometem tais crimes e naqueles que estão em posição de acabar com a violência.
Conscientes do que Jesus ensinou aos seus discípulos, quando disse: «Tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo» (Mateus 25, 35-36), pedimos aos fiéis das nossas Igrejas que abram os seus corações e mãos às vítimas da guerra e do terrorismo, aos refugiados e suas famílias. Em causa está o próprio sentido da nossa humanidade, da nossa solidariedade, compaixão e generosidade, que só pode ser devidamente expresso numa imediata partilha prática de recursos. Reconhecemos tudo o que já se está a fazer, mas insistimos que é necessário muito mais, por parte dos líderes políticos e da comunidade internacional, em ordem a garantir o direito de todos a viver em paz e segurança, para defender o estado de direito, proteger as minorias religiosas e étnicas, combater o tráfico de seres humanos e o contrabando.
DA DECLARAÇÃO COMUM DE SUA SANTIDADE FRANCISCO E DE SUA SANTIDADE KAREKIN II, ETCHMIADZIN, 26 DE JUNHO DE 2016