Leitura da Palavra de Deus
Aleluia aleluia, aleluia
Vós sois uma geração escolhida
um sacerdócio real, uma nação santa,
povo resgatado por Deus
para proclamar as suas maravilhas.
Aleluia aleluia, aleluia
Jeremias 12,1-6
Senhor, Tu és demasiado justo
para eu me queixar de ti.
Mas, desejaria debater contigo sobre a justiça:
Porque alcançam os maus tanto sucesso
e os pérfidos vivem tranquilos na sua malvadez?
Tu os plantaste e eles lançam raízes,
crescem e frutificam.
Estás próximo dos seus lábios,
mas longe dos seus corações.
Mas Tu, Senhor, vês-me e me conheces,
examinaste os meus sentimentos a teu respeito.
Arrasta esses homens como gado para o matadouro,
e destina-os para o dia da matança.
Até quando permanecerá a terra de luto,
e secará a erva dos campos?
Por causa da maldade dos seus habitantes,
perecem animais e aves.
Pois eles dizem:
«Não verá o que nos espera.
Se te cansas, correndo com os que andam a pé,
como poderás competir com os que vão a cavalo?
Tu sentes-te em segurança numa terra tranquila,
mas que farás na floresta do Jordão?
Os teus próprios irmãos e a tua família
até esses são desleais para contigo;
também eles te caluniam pelas costas.
Não te fies neles,
mesmo que te dirijam palavras amigas.»
Aleluia aleluia, aleluia
Vós sereis santos,
porque Eu sou santo, diz o Senhor.
Aleluia aleluia, aleluia
Muitas vezes, encontramos na Bíblia a pergunta sobre a razão do bem-estar daqueles que realizam o mal, enquanto que a condição dos que realizam o bem é, frequentemente, dramática. O livro de Job põe a grande questão do sofrimento do justo, que parece tornar-se num acto de acusa a Deus. E no livro da Sabedoria são os próprios ímpios a dizerem: “Sendo assim, vamos gozar os bens presentes” (2, 6), enquanto que os justos parecem sofrer inutilmente. A pergunta sobre a razão da presença do mal no mundo, ainda que possa apresentar os traços de um protesto é, no entanto e, sobretudo, um grito de ajuda e uma prece, para que o Senhor intervenha e não permita que o mal prevaleça sobre o bem. Deus não despreza e não ignora as perguntas do homem de fé, ainda que elas manifestem incerteza ou dúvida ou, até mesmo, pareçam uma acusa como as palavras de Job. Num mundo, muitas vezes injusto e violento, onde os pobres e os humildes são esmagados pelo bem-estar dos ricos, também os crentes apelam à justiça misericordiosa de Deus. Com efeito, Ele conhece o coração dos humildes e dos pobres que se dirigem a Ele e satisfará os seus desejos. Na verdade, “o homem não permanece com o seu esplendor, é como animal que perece” (Sl 49, 13). Deveras, o homem não dura no seu esplendor, a sua vida torna-se árida e o seu espírito empobrece. Sobretudo na prosperidade, perde-se muitas vezes a verdadeira dimensão do próximo, esquece-se da pobreza e da injustiça no mundo. Também nós nos unimos às primeiras palavras do profeta: “Tu és justo, ó Senhor, para que possa discutir contigo. No entanto, gostaria de fazer-Te uma pergunta acerca do direito ”. Não tenhamos medo de fazer perguntas a Deus sobre a justiça, porque isso tornar-nos-á cientes do mal do mundo e ajudar-nos-á a sair da indiferença que, como cristãos, não nos podemos dar a esse luxo. Na oração, encontramos, portanto, a justa consciência da injustiça e também o início de uma resposta, a de um Deus que escuta e que age, tal como não Se esqueceu do Seu povo no Egipto.