XIX do tempo comum
Memória de Santa Clara de Assis (+1253), discípula de São Francisco no caminho da pobreza e da simplicidade evangélica.
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XIX do tempo comum
Memória de Santa Clara de Assis (+1253), discípula de São Francisco no caminho da pobreza e da simplicidade evangélica.
Primeira Leitura
I Reis 19,4-8
Andou pelo deserto um dia de caminho; sentou-se à sombra de um junípero e pediu a morte para si: «Basta, Senhor, disse ele; tira-me a vida, pois não sou melhor do que meus pais.» Deitou-se por terra e adormeceu à sombra do junípero. Eis, porém, que um anjo o tocou, dizendo: «Levanta-te e come.» Olhou, e viu à sua cabeceira um pão cozido sob a cinza e um copo de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir. Mais uma vez o tocou o anjo do Senhor, dizendo-lhe: «Levanta-te e come, pois tens ainda um longo caminho a percorrer.» Elias levantou-se, comeu e bebeu; reconfortado com aquela comida, andou quarenta dias e quarenta noites, até chegar ao Horeb, o monte de Deus.
Salmo responsorial
Salmo 33 (34)
De David, quando se fingiu louco na presença
de Abimélec; expulso por ele, partiu.
?Em todo o tempo, bendirei o Senhor;
o seu louvor estará sempre nos meus lábios.
?A minha alma gloria-se no Senhor!
Que os humildes saibam e se alegrem.
?Enaltecei comigo o Senhor;
exaltemos juntos o seu nome.
?Procurei o Senhor e Ele respondeu-me,
livrou-me de todos os meus temores.
?Aqueles que o contemplam ficam radiantes,
não ficarão de semblante abatido.
?Quando um pobre invoca o Senhor, Ele atende-o
e liberta-o das suas angústias.
O anjo do Senhor protege os que o temem
e livra-os do perigo.
?Saboreai e vede como o Senhor é bom;
feliz o homem que nele confia!
Temei o Senhor, vós que lhe estais consagrados,
pois nada falta aos que o temem.
?Os ricos empobrecem e passam fome,
mas aos que procuram o Senhor nenhum bem há-de faltar.
Vinde, meus filhos, escutai-me:
vou ensinar-vos o temor do Senhor.
?Qual é o homem que não ama a vida
e não deseja longos dias de prosperidade?
Nesse caso, guarda a tua língua do mal
e os teus lábios das palavras mentirosas.
?Desvia-te do mal e faz o bem,
procura a paz e segue-a.
?Os olhos do Senhor estão voltados para os justos
e os seus ouvidos estão atentos ao seu clamor.
?A ira do Senhor volta-se contra os malfeitores,
para apagar da terra a sua memória.
?Os justos clamaram e o Senhor atendeu-os
e livrou-os das suas angústias.
?O Senhor está perto dos corações contritos
e salva os espíritos abatidos.
?Muitas são as tribulações do justo,
mas o Senhor o livra de todas elas.
Ele guarda todos os seus ossos,
nem um só será quebrado.
?O ímpio há-de perecer na sua maldade;
os que odeiam o justo serão castigados.
?O Senhor resgata a vida dos seus servos;
os que nele confiam não serão condenados.
Segunda Leitura
Efésios 4,30-5,2
E não ofendais o Espírito Santo de Deus, selo com o qual fostes marcados para o dia da redenção. Toda a espécie de azedume, raiva, ira, gritaria e injúria desapareça de vós, juntamente com toda a maldade. Sede, antes, bondosos uns para com os outros, compassivos; perdoai-vos mutuamente, como também Deus vos perdoou em Cristo.
Leitura do Evangelho
Aleluia aleluia, aleluia
Ontem fui sepultado com Cristo,
hoje ressuscito convosco que ressuscitastes;
convosco fui crucificado,
recordai-vos de mim, Senhor, no vosso Reino.
Aleluia aleluia, aleluia
São João 6,41-51
Os judeus puseram-se, então, a murmurar contra Ele por ter dito: ‘Eu sou o pão que desceu do Céu'; e diziam: «Não é Ele Jesus, o filho de José, de quem nós conhecemos o pai e a mãe? Como se atreve a dizer agora: ‘Eu desci do Céu'?» Jesus disse-lhes, em resposta: «Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não atrair; e Eu hei-de ressuscitá-lo no último dia. Está escrito nos profetas: E todos serão ensinados por Deus. Todo aquele que escutou o ensinamento que vem do Pai e o entendeu vem a mim. Não é que alguém tenha visto o Pai, a não ser aquele que tem a sua origem em Deus: esse é que viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto, mas morreram. Este é o pão que desce do Céu; se alguém comer dele, não morrerá. Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, pela vida do mundo.»
Aleluia aleluia, aleluia
Ontem fui sepultado com Cristo,
hoje ressuscito convosco que ressuscitastes;
convosco fui crucificado,
recordai-vos de mim, Senhor, no vosso Reino.
Aleluia aleluia, aleluia
Homilia
No Seu discurso na sinagoga de Cafarnaum, Jesus aplica a Si mesmo a passagem que narra do envio do maná para alimentar o povo de Israel no deserto: "Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram; eis aqui o pão que desceu do Céu, quem dele comer nunca morrerá". Assim como o maná foi a salvação para o povo de Israel, assim o é Jesus para os homens. Quem se liga a Jesus (quem come a Sua carne) vive para sempre. O Evangelho não diz "terá", mas "tem" a vida eterna, desde agora, isto é, recebe o dom da vida que não acaba (no quarto Evangelho "vida eterna" é sinónimo de "vida divina").
A vida da Igreja, assim como a de qualquer crente, é alimentada pelo "Pão que desceu do Céu". São João Paulo II, na encíclica Ecclesia de Eucharistia, afirma: "A Eucaristia, presença salvífica de Jesus na comunidade dos fiéis e seu alimento espiritual, é o que mais de precioso a Igreja possa ter no Seu caminho na História" (n. 9). Já a vida de Elias prefigurava este mistério. O profeta, perseguido pela rainha Jezabel, teve de fugir. Após uma fuga extenuante, caiu cansado e triste desejando apenas a morte. Enquanto as suas forças, sobretudo as do espírito, iam definhando, eis que um anjo do Senhor desce do Céu, acorda-o do torpor em que tinha caído e diz-lhe: "Levanta-te e come!". Elias viu perto da sua cabeça um pão e comeu-o. Mas voltou a deitar-se. Foi necessário que o anjo regressasse para o acordar de novo, como que a querer significar a necessidade de sermos sempre acordados pelo anjo e de continuarmos a alimentar-nos com o "Pão da vida". Isto é, ninguém se deve sentir auto-suficiente e, portanto, todos necessitamos de alimento. "Sustentado pela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até ao Horeb, a montanha de Deus" (1Rs 19, 8). O profeta percorreu o caminho do povo de Israel atravessando todo o deserto até ao monte onde Moisés se tinha encontrado com Deus. É a imagem da peregrinação de todas as comunidades cristãs, de todo o crente. O Senhor Jesus, Pão Vivo que desceu do Céu, faz-se nosso alimento para nos suster no caminho para o monte do encontro com Deus.