Festa do Apóstolo Bartolomeu de Caná na Galileia. O seu corpo é guardado na basílica de São Bartolomeu na Ilha em Roma, memorial dos Novos Mártires

Bartolomeu de Caná "filho do agricultor", um dos primeiros discípulos de Jesus, seria aquele Natanael "israelita genuíno em quem não há fingimento" (Jo 1,45-51) que passou de um cepticismo irónico e quase ofensivo de Nazaré, pode vir alguma coisa boa? a um ardente acto de fé: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel! Ele está na lista das 12 testemunhas das coisas maiores do Filho do Homem sobre as quais ele viu "os céus abrir-se" (Mt 10,3). Não se sabe nada de preciso sobre a sua actividade. Muitas fontes falam de regiões diferentes, o que pode sugerir que ele teve, de facto, uma vasta gama de actividades. O martírio que sofreu - ser esfolado vivo - fazia parte dos costumes penais dos persas.  Ele é venerado em Roma, na Ilha Tiberina. 

(Do Missal Romano, 24 de Agosto, festa de São Bartolomeu, o Apóstolo e Mártir)

Da catequese do Papa Bento XVI de 4 de Outubro de 2006:

[...] Não temos notícias de relevo acerca de Bartolomeu; com efeito, o seu nome recorre sempre e apenas no âmbito dos elencos dos Doze acima citados e, por conseguinte, nunca está no centro de narração alguma. Mas, tradicionalmente ele é identificado com Natanael:  um nome que significa "Deus deu". Este Natanael provinha de Caná (cf. Jo 21, 2), e portanto é possível que tenha sido testemunha do grande "sinal" realizado por Jesus naquele lugar (cf. Jo 2, 1-11).

A identificação das duas personagens provavelmente é motivada pelo facto que este Natanael, no episódio de vocação narrada pelo Evangelho de João, é colocado ao lado de Filipe, isto é, no lugar que Bartolomeu ocupa nos elencos dos Apóstolos narrados pelos outros Evangelhos. Filipe tinha comunicado a este Natanael que encontrara "aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas:  Jesus, filho de José de Nazaré" (Jo 1, 45). Como sabemos, Natanael atribuiu-lhe um preconceito bastante pesado:  "De Nazaré pode vir alguma coisa boa?" (Jo 1, 46a). Esta espécie de contestação é, à sua maneira, importante para nós.

Mostra-nos que, de acordo com as expectativas judaicas, o Messias não poderia ter vindo de uma aldeia tão obscura como Nazaré (cf. também Jo 7,42). Ao mesmo tempo, porém, realça a liberdade de Deus, que surpreende as nossas expectativas ao aparecer precisamente onde não o esperaríamos. Por outro lado, sabemos que Jesus na realidade não era exclusivamente "de Nazaré", mas que nasceu em Belém (cf. Mt 2,1; Lc 2,4) e que por fim veio do céu, do Pai que está no céu.

Outra reflexão sugere-nos a vicissitude de Natanael:  na nossa relação com Jesus não devemos contentar-nos unicamente com as palavras. Filipe, na sua resposta, faz um convite significativo:  "Vem e verás!" (Jo 1, 46b). O nosso conhecimento de Jesus precisa sobretudo de uma experiência viva:  o testemunho de outrem é certamente importante, porque normalmente toda a nossa vida cristã começa com o anúncio que chega até nós por obra de uma ou de várias testemunhas.

Mas depois devemos ser nós próprios a deixar-nos envolver pessoalmente numa relação íntima e profunda com Jesus; de maneira análoga os Samaritanos, depois de terem ouvido o testemunho da sua concidadã que Jesus tinha encontrado ao lado do poço de Jacob, quiseram falar directamente com Ele e, depois deste colóquio, disseram à mulher:  "Já não é pelas tuas palavras que acreditamos, nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é verdadeiramente o Salvador do mundo" (Jo 4, 42). […]