Na Basílica de Santa Maria in Trastevere, reza-se pela paz.
Memória de Santo António abade (+356). Seguiu o Senhor no deserto egípcio e foi pai de muitos monges. Jornada de reflexão sobre as relações entre hebraísmo e cristianismo.
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Na Basílica de Santa Maria in Trastevere, reza-se pela paz.
Memória de Santo António abade (+356). Seguiu o Senhor no deserto egípcio e foi pai de muitos monges. Jornada de reflexão sobre as relações entre hebraísmo e cristianismo.
Leitura da Palavra de Deus
Aleluia aleluia, aleluia
Eis o Evangelho dos pobres, a libertação dos prisioneiros,
a vista dos cegos, a libertação dos oprimidos
Aleluia aleluia, aleluia
I Samuel 15,16-23
Samuel disse-lhe: «Cala-te! Vou dizer-te o que o Senhor me disse esta noite.» Saul respondeu: «Fala.» Samuel disse: «Apesar de te considerares pequeno, acaso não te tornaste chefe das tribos de Israel, e não te ungiu o Senhor rei de Israel? O Senhor enviou-te a essa expedição, dizendo: ‘Passa ao fio de espada esses amalecitas pecadores e combate contra eles até ao completo extermínio.' Porque não ouviste a sua voz e te lançaste sobre os despojos, fazendo o que desagrada ao Senhor?» Respondeu Saul a Samuel: «Eu obedeci à voz do Senhor, fui pelo caminho que Ele me traçou, trouxe Agag, rei dos amalecitas, e exterminei esse povo. O povo somente tomou dos despojos algumas ovelhas e bois, como primícias do que devia destruir, para os sacrificar ao Senhor, teu Deus, em Guilgal.» Samuel replicou-lhe, então:
«Porventura, o Senhor se compraz tanto nos holocaustos e sacrifícios
como na obediência à sua palavra?
A obediência vale mais do que os sacrifícios,
e a submissão, mais do que a gordura dos carneiros.
Aleluia aleluia, aleluia
O Filho do Homem veio para servir
quem quiser ser grande, faça-se servo de todos
Aleluia aleluia, aleluia
Samuel recorda a Saul o significado da unção real: "escutar" (em hebraico, "shemà", isto é, obedecer) o Senhor (v. 1). Depois deste último apelo à escuta, Samuel ordena a Saul que destrua os amalecitas, sem poupar nada. A ordem, é difícil de se entender se a extrapolarmos da mentalidade da época, do contexto que faz emergir a radicalidade da acção de Deus. Saul obedece e derrota os amalecitas, mas não cumpre à risca o mandato de destruição total, também para condescender ao povo. O Senhor arrepende-Se de ter escolhido Saul e anula essa escolha por ele ter desobedecido. Saul poderá continuar a ocupar o cargo de rei, mas já não é o rei obediente do Senhor e, portanto, também não é o rei de Samuel. No encontro que houve depois da batalha entre Samuel e Saul, este último protesta a sua fidelidade ao Senhor. Samuel, sabendo bem o que tinha acontecido, pergunta astutamente a Saul o que são aqueles balidos e mugidos que está a ouvir. Saul defende-se acusando o povo daquela razia. É a lógica perversa de quem se defende acusando os outros. Uma lógica que todos nós conhecemos bem. E que envenena o relacionamento entre as pessoas e os povos. Samuel rejeita a autodefesa de Saul e acusa-o de desobediência, recordando-lhe também que ele deve tudo ao Senhor que o tinha escolhido e ungido para que escutasse apenas a Sua voz e obedecesse apenas a Ele. Saul, que apesar de ter escolhido a escuta, fê-lo só até um certo ponto. O profeta exorta-o a ter um relacionamento honesto com Deus: "O que é que o Senhor prefere? Que Lhe ofereçam holocaustos e sacrifícios, ou que obedeçam à sua palavra? Obedecer vale mais do que oferecer sacrifícios, ser dócil é mais importante do que a gordura de carneiros" (v. 22). A este ponto, a reacção de Saul é mais sincera, admite que "deu ouvidos" ao povo e não ao Senhor (ou a Samuel). Mas não chega. O veredicto do Senhor é definitivo. Saul reconhece, mais uma vez, o seu pecado e implora a Samuel que lhe permita salvar a sua honra diante dos anciãos do "meu povo". Samuel aceita, mas a religiosidade de Saul está marcada por uma desobediência profunda que torna ineficaz a Palavra de Deus.
