ORAÇÃO TODOS OS DIAS

Domingo de Ramos
Palavra de deus todos os dias

Domingo de Ramos

Domingo de Ramos
Memória de Óscar Arnulfo Romero, arcebispo de São Salvador. Foi assassinado em 24 de Março de 1980 no altar. Memória do massacre das Fossas Ardeatinas, em Roma, em 1944, onde foram massacradas pelos nazistas, 335 pessoas.
Leia mais

Libretto DEL GIORNO
Domingo de Ramos
Domingo, 24 de Março

Homilia

“Jesus partiu à frente deles, subindo para Jerusalém” (Lc 19, 28). Esta frase evangélica que abre a narração da entrada de Jesus em Jerusalém resume bem não só o nosso caminho quaresmal, como também o de toda a vida cristã. A semana que começa é chamada Santa, devido à memória daqueles dias em que nunca se viu amor maior pelos homens. Ainda que absortos nos nossos problemas, é bom deixarmo-nos envolver pelos dramáticos sentimentos que marcam os últimos dias de Jesus. São sentimentos que não encontramos em nós mesmos; podemos só recebê-los. A destes dias é, pois, uma graça que não podemos perder. Os nossos olhos poderão contemplar até que ponto o Senhor nos amou.
O domingo de Ramos, que inicia esta grande e Santa Semana, está simultaneamente marcado pela entrada de Jesus em Jerusalém e pela narração da Sua Paixão e Morte. A liturgia, reunindo numa única celebração estes dois acontecimentos, cronologicamente distintos, parece querer tirar da nossa cabeça qualquer equívoco acerca do triunfo de Jesus: Ele entra como um rei, mas é diferente dos reis deste mundo: reina de um trono que não é como os que se encontram nos palácios dos homens. Não vence com os exércitos ou com alianças, nem sequer se afirma com um seu numeroso e forte grupo de pressão. O próprio Jesus esclarece este equívoco que surgiu entre os discípulos na tarde da Quinta-feira Santa. Imersos em si mesmos e, por isso, insensíveis ao drama que Jesus estava a viver, puseram-se a discutir sobre quem, entre eles era o maior. Com uma enorme paciência, Jesus disse-lhes: “Os reis das nações têm poder sobre elas, e os que sobre elas exercem autoridade são chamados benfeitores. Mas entre vós não deverá ser assim; o maior entre vós seja como o mais novo e quem governa, seja como aquele que serve”.
Não eram só palavras de conveniência; foram suficientes poucas horas e Jesus sofreu, sobre Si mesmo, as extremas consequências dessas afirmações. Por outro lado, a história da paixão é muito simples: havia um Homem bom que falava do Evangelho, tanto na pobre e mal afamada Galileia quanto na capital Jerusalém e muitos acorriam para O ouvir. A um certo ponto, os grandes decidiram que já tinha falado demais e que já eram muitos os que O seguiam: tomaram, pois a decisão de fazê-l'O calar. Encontraram um amigo d'Ele que lhes indicou exactamente o lugar onde habitualmente Se retirava: uma horta às portas de Jerusalém. Naquela tarde enquanto estava ali com os Seus, prenderam-n'O e levaram-n'O perante as mais altas autoridades: Pilatos, o representante do maior império do mundo e Herodes, o rei mais astucioso. Mas os dois não quiseram assumir nenhuma responsabilidade perante aquele Homem. A multidão que só cinco dias antes tinha gritado “Hossana”, pôs-se a gritar “crucifica-O!, crucifica-O!” e Pilatos não soube resistir. Aquele Homem, depois de ter sido vestido por escárnio com as vestes de rei, foi torturado, esbofeteado, coroado com uma coroa de espinhos. Depois, foi levado para fora da cidade (também para nascer teve de procurar um estábulo fora de Belém) para uma pequena colina, chamada Gólgota, e aí foi crucificado numa cruz, com dois ladrões, um à Sua direita e outro à Sua esquerda. Naquela Cruz, aquele Homem bom, morreu. Chamava-se Jesus e vinha de Nazaré.
Não é preciso muito para dizer que aquela morte foi injusta. De resto, a morte nunca é justa nem depois dos crimes mais ferozes; mas é deveras fácil afirmar que a morte daquele Homem foi verdadeiramente injusta. Não fez nada de mal, antes pelo contrário, “tinha feito bem todas as coisas” (Mc 7, 37), disseram uma vez d'Ele. Quem escuta a narração desta morte com um pouco de coração, fica comovido e desgostoso: aquele Homem bom teve de sofrer muito e de morrer na Cruz só porque tinha falado do Evangelho e tinha dito que era o Filho de Deus. Cada um de nós, no fim da leitura da narração da Paixão (o Passio), sente uma sensação de aflição e de amargura e é levado a dizer: “Eu não o teria feito”, ou então, a justificar-se: “Não sou Pilatos, nem sou Herodes, nem sequer Judas...”. Além disso, podemos manifestar a nossa própria impotência perante a cobardia de Pilatos e a crueldade dos sumos-sacerdotes. Mas há também Pedro; não é o pior dos discípulos; pelo contrário, se não é o melhor é com certeza o mais importante, aquele a quem Jesus confiou a maior responsabilidade. Pedro tem uma grande ideia de si, é orgulhoso, até mesmo susceptível. Ofende-se quando Jesus lhe diz que O trairá: “Senhor, contigo estou pronto a ir até mesmo para a prisão e para a morte”, responde. E, no entanto, foi suficiente uma mulher para fazer cair tudo. Foi o encontro com o olhar de Jesus que abalou Pedro: “Então o Senhor, voltou-Se e olhou para Pedro. E Pedro lembrou-se de que o Senhor lhe havia dito” (Lc 22, 62). Os cristãos, nós, não somos heróis; somos como todos; mas se os nossos olhos se cruzam com os olhos d'Aquele homem que vai ser morto, também nós nos lembraremos das palavras do Senhor e ficaremos livres dos nossos receios. É a garantia desta semana: poder estar ao lado d'Aquele homem que sofre e que morre para poder cruzar o Seu olhar connosco.

PALAVRA DE DEUS TODOS OS DIAS: O CALENDÁRIO