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Sexta-feira Santa
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Memória da morte de Jesus na Cruz.
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Sexta-feira, 29 de Março

Homilia

Iniciámos esta Sagrada Liturgia prostrados no chão. Pelo menos exteriormente quisemos imitar Jesus prostrado no chão no jardim das Oliveiras por causa da angústia. Como permanecer insensíveis perante um amor do género que chega até à morte só para não nos abandonar? “Todos nós - escreve Isaías - estávamos perdidos como ovelhas, cada qual seguia o seu caminho; o Senhor fez cair sobre ele os crimes de todos nós... Todavia, eram as nossas doenças que ele carregava, eram as nossas dores que ele levava às costas... Ele estava a ser trespassado por causa das nossas revoltas, esmagado pelos nossos crimes”. O profeta explica-nos a razão desta prostração, com o rosto voltado para o chão. E como se não bastasse, “foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; tal como cordeiro, ele foi levado para o matadouro; como ovelha muda diante do tosquiador”. Jesus é o cordeiro que tomou sobre Si o pecado do mundo, que travou a luta contra o mal, mesmo à custa da própria vida. Jesus não queria morrer: “Pai, se queres, afasta de Mim este cálice! Contudo, não se faça a Minha vontade, mas a Tua”. E Jesus conhecia bem a vontade de Deus. Chegou mesmo a dizê-la: “E a vontade d'Aquele que Me mandou é esta: que Eu não perca nenhum daqueles que Ele Me deu, mas que Eu os ressuscite no último dia”. A vontade de Deus era a de evitar que o mal nos devorasse, que a morte nos levasse. Jesus não a evitou; tomou-a sobre Si, para que não nos esmagasse; não queria perder-nos. Nenhum dos Seus discípulos, nem os de ontem e nem os de hoje, deveriam sucumbir à morte.
Por isso a Paixão continua. Continua nos numerosos jardins das Oliveiras deste mundo onde ainda há guerras e onde milhões de refugiados estão amassados; continua onde há gente prostrada pela angústia; continua naqueles doentes abandonados na agonia; continua em qualquer parte do mundo onde se sua sangue devido à dor e ao desespero. A Paixão de João que hoje escutámos inicia precisamente no jardim das Oliveiras e as palavras que Jesus profere aos guardas manifestam bem a Sua decisão de não perder ninguém. Quando os guardas chegam, é Jesus quem vai ao encontro deles; não só não foge, como também até parece tomar a iniciativa: “Quem procurais?”. Perante a resposta deles (“Jesus de Nazaré!”) Ele responde: “Se Me procurais, deixai partir estes”. Não quer que os Seus sejam afectados; pelo contrário quer salvá-los, preservá-los de todo o mal, mesmo a custo da própria vida. De resto, passou toda a Sua vida a recolher os dispersos, a curar os doentes, a anunciar um reino de paz e não de violência. E é, justamente, este Seu empenho o motivo da Sua morte. De onde nasce a oposição contra Ele? Do facto de ser misericordioso, demasiado; do Seu amor por todos, até pelos inimigos. Frequentava demasiado os pecadores e os publicanos. E, além disso, perdoava todos e também muito facilmente. Bastaria ter ficado em Nazaré e teria ultrapassado os trinta e três anos; ou teria podido moderar as exigências do Evangelho; ou então podia ter sido menos obstinado em defender sempre os fracos. Enfim, bastava que pensasse um pouco mais em Si mesmo e um pouco menos nos outros e, certamente, não teria acabado na Cruz.
Pedro - por exemplo - agiu da seguinte maneira. Durante algum tempo seguiu o Senhor, depois desistiu mas, com o interrogatório premente da serva, chegou até a negar que O conhecia. De resto o que é que interessava? E com aquela pequena frase salvou-se. Jesus, pelo contrário, não quis renegar nem o Evangelho, nem Pedro, nem os outros. E, no entanto, a uma certa altura, bastava deveras muito pouco para Se salvar. Pilatos estava certo da Sua inocência e pedia-Lhe só alguns esclarecimentos. Mas Jesus mantinha-Se calado. “Não me respondes? - perguntou Pilatos - Não sabes que tenho autoridade para Te soltar e autoridade para Te crucificar?”. Pedro falou e salvou-se. Jesus calou-Se, não queria perder nenhum dos que Lhe tinham sido confiados e foi crucificado. Também nós estamos entre os que o Pai confiou nas Suas mãos. Ele tomou sobre Si os nossos pecados, as nossas cruzes, para que ficássemos aliviados. Eis a razão pela qual hoje fazemos entrar solenemente a Cruz. Ajoelhamo-nos diante d'Ela e beijemo-l'A. A Cruz para nós já não é condenação, mas Evangelho, fonte de uma nova vida. “Ele entregou-Se a Si mesmo por nós, para nos resgatar de toda a iniquidade e para purificar um povo que Lhe pertence” (Tt 2, 14). Naquela Cruz foi derrotada a lei, até então imbatível, do amor-próprio. Esta lei foi abatida por Aquele que viveu para os outros até morrer na Cruz. Jesus ensinou aos homens a não terem medo de servir, de serem solidários, de não viverem só para si mesmos. Com a Cruz fomos libertados da escravidão de nós mesmos, do nosso eu, para alargar as mãos e o coração até aos confins da Terra. Não é por acaso que esta Sagrada Liturgia é caracterizada de uma maneira particular, por uma longa oração universal. É como abrir os braços da Cruz até aos confins da Terra para fazer sentir a todos o calor e a ternura do amor de Deus que tudo supera, tudo cobre, tudo perdoa, tudo salva.

PALAVRA DE DEUS TODOS OS DIAS: O CALENDÁRIO