ORAÇÃO TODOS OS DIAS

Oração do Dia do Senhor
Palavra de deus todos os dias
Libretto DEL GIORNO
Oração do Dia do Senhor
Domingo, 23 de Março

Homilia

O Evangelho apresenta-nos Jesus cansado. Mas não por causa do caminho que tinha percorrido. O Seu cansaço – podemos dizer – provinha da contínua correria atrás de nós para nos tirar dos problemas em que nos metemos, para nos defender dos perigos a que vamos encontro, para nos libertar dos pecados em que caímos. Também tinha fome, mas não de pão. Os discípulos, depois de Lhe terem levado a comida, dizem-Lhe: “Mestre, come alguma coisa”, mas Ele responde: “Eu tenho para comer um alimento que vós não conheceis... O meu alimento é fazer a vontade d’Aquele que Me enviou e realizar a sua obra”. Os discípulos, como de costume, não percebem. A fome de Jesus era a de realizar a obra do Pai. Jesus tinha sede, mas não tanto de água. Quando pede àquela mulher: ”Dá-Me de beber”, Jesus tem sede de salvar aquela mulher; podemos dizer que tem sede do seu afecto, tal como do nosso. Normalmente, fugimos deste pedido de amor e de companhia tão forte e radical porque, não há dúvidas, o amor do Senhor é um amor exigente e escolhemos os nossos pequenos amores, as nossas pequenas desforras. E opomos-Lhe a mesma resistência que aquela mulher samaritana Lhe opôs: “Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber a mim que sou samaritana?” Na verdade, aquele pedido de Jesus ultrapassava já uma barreira. Ele falava com uma mulher, ainda por cima samaritana. Um provérbio rabínico ensinava: “Aquele que comer o pão dos samaritanos é como aquele que come carne de cão”.
A mulher fica surpreendida pelo pedido de Jesus, mas não compreende a energia de amor que está atrás daquelas palavras: “Se conhecesses o dom de Deus e quem te diz: ‘Dá-Me de beber!’, tu é que Lhe pedirias e Ele dar-te-ia água viva”. Deus amava aquela mulher quando ainda estava longe; mas ela não se tinha apercebido. A sua vida, marcada pelas desilusões e pelas traições, provavelmente já não lhe dava mais nenhuma esperança. Era a história dos cinco maridos. Já não acreditava lá muito nas pessoas e nem sequer tem muita confiança em si mesma. Como poderia confiar num estrangeiro? Não tinha percebido que era Deus quem estava a falar naquele judeu cansado e cheio de sede e que nem sequer tinha recursos para apanhar a água. “De onde vais tirar a água viva?” pergunta-Lhe resignada e céptica. Para ela, habituada à dureza da vida, a palavra já não contava, não mudava a existência, não dava a vida. Aquela mulher é muito parecida connosco. A sua vida está cheia de traições e de problemas. Tornou-se numa mulher dura, obrigada a defender-se e a responder de maneira agressiva (“Como é que Tu me pedes de beber?”). Agressiva para não admitir as desilusões e o fracasso. Agia assim com todos; mesmo com Aquele desconhecido que falava com ela com simplicidade e de maneira directa. Era uma infeliz, com uma vida complicada que devia percorrer um longo caminho para ir buscar água. Era uma mulher cheia de experiência, que julgava conhecer já a vida. As suas apreciações eram rápidas.
O que é que aquele homem sem meios, frágil e que nem sequer tinha com que apanhar a água, pode fazer? Ela já não acreditava em mais nada, senão na sua jarra, no seu trabalho, no que via e que tocava com as suas mãos. O Evangelho é um sonho que está fora da realidade! Para ela, céptica, materialista, habituada à dureza da vida, as palavras já não tinham valor. Mas também era esperta. Quando Jesus lhe falou de uma água diferente, com a qual nunca mais teria sede e não seria necessário ir até ao poço, procurou logo a sua conveniência. Queria ficar com alguma coisa do Evangelho sem, com isso, mudar nada. Desejava apropriar-se de uma conveniência, mas permanecer aquela de sempre. O encontro com Jesus é pessoal. Toca o coração. Jesus ajudou-a a ser ela mesma. “Não tenho marido”, diz. Não revelou tudo de si. Jesus não a agrediu, não a humilhou numa descrição embaraçante do seu pecado, da sua história de muitos amores procurados e traídos. Explicou-lhe, com sensibilidade, toda a sua vida. A verdade é Jesus. E é precisamente isso que marcou aquela mulher: ser entendida, conhecida assim como era e ser amada! Não é uma lei ou um julgamento que transforma os corações, mas o longo e insistente encontro com Aquele Homem que falava com liberdade e amor. Deixemos que Ele nos diga o que fizemos! E tornar-nos-emos numa fonte, na aridez da vida. Referiremos a muitos com a maravilha daquela mulher da Samaria de alguém que falou connosco com amor!
A Igreja, dizia o Papa João, é como a fonte de uma aldeia: é para todos e todos podem aproximar-se para ir buscar a água do amor e da consolação. Que assim seja também para os nossos corações, possessivos e pecadores, mas conhecidos, amados e perdoados pelo Senhor, Homem sensato que caminha e pede amor. Que o Senhor nos ensine a sermos fonte de amor, servindo aquele que tem sede. Assim, encontramos o amor infinito e que mata a nossa sede.

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