ORAÇÃO TODOS OS DIAS

Oração do Dia do Senhor
Palavra de deus todos os dias
Libretto DEL GIORNO
Oração do Dia do Senhor
Domingo, 17 de Agosto

Homilia

Para além da fuga para o Egipto e do trecho que nos é proposto este domingo, o Evangelho não narra mais nenhuma deslocação de Jesus fora da Palestina. Portanto, Jesus, tal como refere Mateus, da região da Galileia perto do lago Genezaret “retirou-Se” em direcção de Tiro e de Sidónia (o actual Líbano), antiga cidade fenícia, cidade marítima e comercial, rica e desenvolvida, mas também cheia de egoísmo e de injustiça, principalmente para com os pobres. Não é por acaso que os profetas do Antigo Testamento proclamam várias profecias de desventura para essas cidades. Isaías dirige-se a Sidónia e diz-lhe: “Envergonha-te!” (Is 23, 4) e Ezequiel preanuncia a Tiro a sua destruição devido ao orgulho que possui (Ez 26, 1-21; 27,1, 1-36). E, no entanto, o pecado de quem não aceita a pregação de Jesus é estigmatizado como um pecado muito maior do que o cometido por Tiro e Sidónia. Estas, na verdade, - diz Jesus - se tivessem recebido a pregação do Evangelho ter-se-iam convertido. Receberão, portanto, um melhor tratamento no dia do juízo: “Ai de ti, Betsaida. Porque se em Tiro e Sidónia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no meio de vós, há muito tempo que elas teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e cobrindo-se de cinza”.
Jesus dirige-se para essa região e logo aparece uma mulher; Mateus identifica-a como “cananeia” (no trecho paralelo de Marcos é indicada como “Fenícia da Síria”). É uma mulher pagã que se dirige a Jesus. Certamente terá ouvido falar muito bem deste Jovem Profeta e, provavelmente, não quer perder a ocasião para uma intervenção prodigiosa sobre a filha. Aproxima-se de Jesus durante o caminho e invoca a Sua ajuda. A sua filha está possuída por um “demónio” (era uma situação já por si dolorosa, mas que se agravava também devido ao estigma social) e pede a Jesus que a cure. Poderia ser a sua última ocasião. Por isso, não deixa de gritar por ajuda, mesmo diante da atitude indisponível de Jesus. O evangelista nota: “Mas Ele nem lhe deu resposta”. A mulher insiste. A sua insistência provoca a intervenção dos discípulos. Tal como no episódio da multiplicação dos pães, eles desejariam que Jesus a mandasse embora: “Manda embora essa mulher”, sugerem-Lhe. Mas Jesus responde dizendo que a Sua missão se limita a Israel.
Aquela mulher, embora tenha recebido uma explícita recusa, insiste uma segunda vez e com palavras essenciais, simples, mas dramáticas, como dramática é a desgraça da própria filha: “Senhor, ajuda-me” (são as mesmas palavras de Pedro, enquanto afundava no lago). E Jesus, inacreditavelmente, responde com uma inaudita dureza: “Não está certo tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos!” Já no discurso da montanha tinha dito uma coisa do género: “Não deis aos cães o que é santo, nem atireis pérolas aos porcos” (Mt 7, 6). Com o apelativo de “cães”, na tradição bíblica, tomada dos textos judaicos, alude-se aos adversários, aos pecadores e aos povos pagãos idólatras.
Mas a mulher desfruta à letra justamente essa expressão de Jesus e diz-lhe (podemos traduzir deste modo a frase): “Sim, Senhor, é verdade; mas também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa dos seus donos!”. Até mesmo os cães, os excluídos, como o pobre Lázaro, contentam-se, ou melhor, contentar-se-iam de migalhas se lhas deitassem. Esta mulher pagã ousa resistir a Jesus; de um certo modo trava uma luta com Ele. Podemos dizer que a sua confiança naquele Profeta é maior do que a resistência do próprio Profeta. E por isso Jesus responde, por fim, com uma expressão invulgar nos Evangelhos: “é grande a tua fé”. Jesus fez o mesmo elogio ao centurião e os dois eram pagãos. Mais uma vez, o Evangelho propõe-nos a essencialidade da confiança em Deus que liberta da angústia de se confiar só em si mesmo e nos homens. A fé desta mulher convenceu Jesus a curar. Escreve o evangelista: “Jesus disse-lhe: ‘Mulher, é grande a tua fé! Seja feito como desejas’. E desde aquele momento a filha dela ficou curada”. A uma fé como esta, nem sequer Deus pode resistir.

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