ORAÇÃO TODOS OS DIAS

Oração do Dia do Senhor
Palavra de deus todos os dias

Oração do Dia do Senhor

XXI do tempo comum
Memória do apóstolo Bartolomeu de Caná da Galileia. O seu corpo encontra-se na igreja de S. Bartolomeu na ilha Tiberina, em Roma, que se tornou lugar memorial dos “Novos Mártires”. Recordação de Jerry Essan Masslo sul-africano, refugiado na Itália hóspede da Comunidade de Sant'Egidio: foi morto por bandidos. Com ele, recordam-se todos os refugiados.
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Libretto DEL GIORNO
Oração do Dia do Senhor
Domingo, 24 de Agosto

Homilia

O trecho evangélico que acabámos de escutar é conhecido como “o texto da primazia de Pedro”. No entanto, é um trecho evangélico que vai para além do debate sobre a “primazia” de Pedro e interpela a fé de todos os crentes. Os próprios Doutores da Igreja que não tinham as preocupações sobre a primazia do Papa, deram a estas palavras evangélicas uma interpretação mais espiritual e mais ligada à vida comum do cristão. Para poder compreender bem esse episódio é necessário, antes de mais, inseri-lo na nova situação em que Jesus Se veio a encontrar (nisto, ajuda-nos muito o trecho paralelo de Marcos 8, 27-30). Depois da Sua pregação na Galileia, Jesus está praticamente sozinho. Tinha tentado transformar as multidões que O seguiam no “novo povo” de Deus mas teve de constatar uma primeira derrota: todos O tinham abandonado. Estava sozinho, com aquele pequeno grupo de discípulos. Parecem fiéis, é verdade; mas resistirão até ao fim? Aceitarão um Messias crucificado? Estas e outras questões enchem a cabeça de Jesus. Por isso, reúne aquele pequeno grupo num lugar isolado, na região de Cesareia de Filipe e pergunta-lhes o que é que as pessoas pensam d’Ele. Com efeito, havia uma grande expectativa entre as pessoas em relação à vinda do Messias, mas grande também era a incerteza sobre a Sua figura e a Sua função. No entanto, em geral, concordavam em considerar o Messias como um homem politicamente e militarmente poderoso. De qualquer modo, os ânimos da multidão estavam aquecidos em relação a esse argumento, tanto é que se falava de uma espécie de “febre messiânica” entre as pessoas. Alguém já se tinha apresentado como Messias e tinha sublevado grupos armados que foram prontamente reprimidos pela autoridade romana. As respostas dos discípulos à pergunta de Jesus reflectem a incerteza geral: havia quem via n’Ele João Baptista ressuscitado, quem pensasse que fosse Elias, quem Jeremias ou qualquer outro profeta. De qualquer modo, todos viam-n’O como um grande profeta, mas não Aquele mediante o qual Deus fala e age. No entanto, a verdadeira intenção de Jesus é saber o que é que eles pensam d’Ele: “E vós, quem dizeis que Eu sou?” Pedro, em nome de todos (a Igreja do Oriente chama-o “corifeu”), responde com a profissão de fé: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. E Jesus responde-lhe: “És feliz, Simão filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o Meu Pai que está no Céu”. Pedro recebeu a revelação de Deus. Ele pertence àquele grupo de “pequeninos” a quem é revelado o mistério oculto desde a fundação do mundo (Mt 11, 25-26). Ele, como escreve Paulo, pôde saborear o “pleno conhecimento da vontade, da sabedoria e do discernimento do Espírito de Deus”. E, a seguir, Jesus dá-lhe um novo nome: “Simão, chamar-te-ás Kefa” (“Petros” em grego). Receber um novo nome significa receber uma nova vocação, iniciar uma nova história. O novo nome que Jesus dá a Simão, recorda a imagem da construção. Não há dúvidas de que “a pedra” é, certamente, só Jesus; e sobre Ele, “pedra angular”, constrói-se a casa. Mas Pedro torna-se no protótipo dos discípulos, exemplo para os crentes de qualquer lugar e de qualquer tempo: isto é, todos devemos participar na sua fé. Ele mesmo é que nos sugere isso, quando escreve: “Aproximai-vos do Senhor, a pedra viva… como pedras vivas entrai na construção dum templo espiritual” (1Pt 2, 4-5). Todo o crente deve participar no nome, na história, na vocação de Pedro para construir o edifício espiritual. Neste empenho de construção, todos, cada um à sua maneira, recebemos o “poder das chaves”, isto é, o poder de “desligar” e de “ligar”. Como escreve também o profeta Isaías a propósito do eleito de Deus, Eliacim: “Colocarei a chave da casa de David sob a sua responsabilidade; quando ele abrir, ninguém poderá fechar; quando ele fechar, ninguém poderá abrir”. Trata-se de um poder real. Mas o que é que significa desligar e ligar? Desligar significa desatar os laços que nos prendem ao nosso egoísmo, que nos amarram firmemente à margem do nosso amor-próprio, que nos obrigam inexoravelmente a estarmos sujeitos aos egoísmos pessoais ou de grupo, de clã, de etnia, de nação. São laços que nos tornam escravos e violentos. É urgente desligá-los e encaminharmo-nos para o Reino de Deus, onde a amizade, a solidariedade, o serviço recíproco são a nova lei. São estes os “laços” que devemos realizar. Pois bem, Jesus diz que esses laços realizados na Terra serão confirmados no Céu. Permanecerão íntegros e continuarão firmes mesmo depois da morte. É, deveras, uma grande consolação saber que tudo aquilo que ligaremos na Terra ficará ligado também no Céu, isto é, para sempre. Isto é, o que conta na vida é o amor; o que fica é, precisamente, a amizade que estreitamos entre nós e os outros. É sobre “esta pedra”, sobre pedras desta qualidade, que Jesus constrói a Sua Igreja e o mundo novo.

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